Cresce a articulação dentro da esquerda para trocar o pré-candidato ao Senado que terá apoio do sistema governista nas eleições de 2022.
O ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT), que estava praticamente certo no posto depois de ter “derrotado” o senador Jean Paul Prates (PT), passou agora a ser seriamente ameaçado pelo deputado federal Rafael Motta (PSB), que inclusive já pediu formalmente aos institutos que seu nome seja incluído nas próximas pesquisas. A primeira será publicada na sexta-feira 6.
As justificativas para o movimento, que parte do PSB e de vários setores do próprio PT, são várias. Mas a maior delas é a forte resistência que parte significativa da esquerda tem em apoiar a pré-candidatura de Carlos Eduardo.
O ex-prefeito de Natal, que em 2018 pediu voto para Jair Bolsonaro para presidente e fez oposição à governadora Fátima Bezerra nos últimos três anos, é detestado por uma ala do PT, que cogita até entregar o apoio a nomes como Robério Paulino (PSOL), para não ter de votar no pedetista.
Outra avaliação é que a chapa da governadora à reeleição já tem Alves demais. Essa ala da esquerda não concebe que o grupo tenha Carlos Eduardo como candidato a senador e, ao mesmo tempo, Walter Alves (MDB) como candidato a vice de Fátima.
É demais para esse eleitorado, que em 2018 fez campanha ferrenha para “derrotar as oligarquias”. A deputada estadual Isolda Dantas foi quem melhor verbalizou isso até agora.
Ao sugerir que Rafael Motta seja candidato a senador no lugar de Carlos Eduardo, o PSB também busca ser melhor prestigiado no arco de alianças que o governo busca montar.
Fiel à governadora e ao PT durante os quatro anos da gestão, o partido está fora dos principais postos-chave da chapa. Nem para 2º suplente de senador a legenda foi chamada. Pela definição posta até agora, ficou tudo com PT, MDB, PDT e PCdoB. Partidos que antes eram da oposição foram mais prestigiados do que um aliado fiel.
Vale lembrar, ainda, que PT e PSB estabeleceram uma aliança para as eleições de 2022 no plano nacional, com os socialistas filiando o ex-governador Geraldo Alckmin para que ele dispute o pleito como candidato a vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O PSB agora quer reciprocidade – algo que o PT não tem dado em vários estados. Apoiar um nome do PSB para o Senado no Rio Grande do Norte seria uma forma de retribuição.
Por fim, registre-se a dificuldade que Rafael Motta deverá encontrar para ser reeleito deputado federal. A nominata do PSB tem sofrido defecções, como a de Léo Souza, e tem nomes com desempenho incerto, como Janeayre Souto e Thábata Pimenta.
A disputa entre Carlos Eduardo e Rafael Motta está lançada.
Agora RN