O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defendeu a implementação de medidas legais para punir os institutos de pesquisas de opinião que errem de forma intencional ou “demasiada”. Segundo o congressista, não há justificativas para resultados “tão divergentes” nos levantamentos.
“Alguém está errando ou prestando um desserviço. Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura”, disse.
O deputado, porém, não especificou o que seriam os erros “demasiados” das pesquisas de intenção de voto. “Não podemos permitir que haja manipulações de resultados em pesquisas eleitorais. Isso fere a democracia”, escreveu.
O deputado, porém, não especificou o que seriam os erros “demasiados” das pesquisas de intenção de voto. “Não podemos permitir que haja manipulações de resultados em pesquisas eleitorais. Isso fere a democracia”, escreveu.
As pesquisas de intenção de voto indicam um retrato momentâneo das intenções de voto do período em que são realizadas. Os resultados podem variar em cada instituto de acordo com as metodologias empregadas. Dessa forma, os levantamentos sinalizam tendências, que devem ser analisadas considerando a margem de erro.
DIFERENÇAS NAS PESQUISAS
Esta eleição presidencial está sendo desafiadora para as empresas que fazem pesquisa. Há muitos resultados indicando sinais divergentes. Ficou difícil saber qual é a tendência real deste momento.
É importante dizer que todas as pesquisas estão certas, cada uma dentro da metodologia que escolhe. Cada sistema pode ter vantagens e desvantagens, a depender da conjuntura que pretendem apurar.
Em 2018, por exemplo, havia muito “voto envergonhado” em Jair Bolsonaro. Alguns levantamentos presenciais tinham dificuldade de captar esse tipo de preferência. Já as pesquisas por telefone davam mais conforto para parte dos eleitores que optavam pelo então candidato a presidente pelo PSL (hoje, Bolsonaro está no PL).
Ainda não está claro o impacto que cada metodologia tem na coleta de dados. Mas já se sabe que pesquisas presenciais tendem a ter um resultado apontando uma liderança mais folgada de Lula. E pesquisas por telefone (sobretudo as automatizadas e neutras, com uma gravação fazendo as perguntas, como o PoderData) tendem a mostrar uma disputa mais apertada.
Nos Estados Unidos, há décadas não se usa pesquisa presencial para aferir intenção de voto em nível nacional. O ambiente polarizado ao extremo prejudica a coleta dos dados quando o entrevistador e o entrevistado ficam frente a frente.
Em suma, é importante registrar que não se trata de haver erro em uma ou outra pesquisa. São metodologias diferentes. No final desta campanha será possível saber qual terá sido o sistema mais apropriado para apontar tendências no atual momento político brasileiro.
AS EMPRESAS DE PESQUISAS
Várias empresas de pesquisa no Brasil se autodenominam “institutos”, o que pode passar a ideia de que são entidades filantrópicas ou ligadas a alguma instituição de ensino. Na realidade, todas são empresas privadas com fins de lucro. O que as diferencia, em alguns casos, é a carteira de clientes que têm e as regras para aceitar determinados contratos.
O PoderData, por exemplo, só faz pesquisas para a iniciativa privada (incluindo os estudos encomendados pelo jornal digital Poder360) e não aceita contratos de órgãos de governo, políticos, candidatos ou partidos. O Datafolha (empresa do grupo dono da Folha de S.Paulo, UOL e do banco PagBank) não trabalha para partidos nem para políticos, mas aceita contratos de governos. As demais empresas não têm nenhum tipo de restrição.
O Ipec, derivado do antigo Ibope, não se denomina “instituto”. Ipec quer dizer Inteligência e Pesquisa em Consultoria. Trata-se de uma empresa comercial que, como o antigo Ibope, seguiu com vários contratos com o Grupo Globo, com suas pesquisas sendo divulgadas nos telejornais da emissora. O Ipec não tem restrições para aceitar contratos com governos, partidos ou políticos. O comando é da estatística Márcia Cavallari, que fez carreira no Ibope e hoje é a CEO do Ipec.
Poder 360