“Uma tragédia grande. A margem pra aumentar juros não existe mais. Ele não tem lucidez disso, não quer ouvir e o quadro técnico ao lado dele é de oitavo nível. Quando chegar lá, uma conta impagável com Renan Calheiros, Eunício Oliveira, MDB, Guilherme Boulos, ministério pra todo mundo. Tudo num cenário completamente diferente de 2003. E a expectativa do povão é cerveja e picanha. Ele vai botar um banqueiro em Economia, entregar as políticas de papo-furado — mulher, índio e negro — para o PT se divertir, a política e o Orçamento pro centrão e vai passear no estrangeiro”.
Essa análise é do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). O alvo? O então candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Rodrigo Constantino, o pedetista acertou em quase tudo. “Tirando o banqueiro na Economia, cada previsão se concretizou”, observou, em artigo publicado na Edição 164 da Revista Oeste. “Lula segue fazendo várias viagens e consumindo milhões dos pagadores de impostos para se hospedar em hotéis de luxo ou levar companheiros no avião oficial enquanto autoriza liberar até R$ 10 bilhões das ‘emendas do relator’ para o centrão, de olho na ‘governabilidade’ no Congresso após derrotas expressivas. O Orçamento secreto era ‘o maior escândalo de corrupção da história’, segundo Lula, mas agora ele quer utilizar o instrumento para seu projeto de poder.”
“Lula foi parar na cadeia”, diz Ciro
Ciro rompeu o silêncio de sete meses e voltou a criticar Lula. Na sexta-feira 12, durante uma palestra na Universidade de Lisboa, em Portugal, o pedetista disse que o chefe do Executivo não foi inocentado pela Justiça.
“Caramba, Lula foi parar na cadeia”, lembrou Ciro, em sua primeira declaração sobre o petista desde o fim das eleições presidenciais. “Será possível que não aprendemos nada? Ou acreditamos que Lula foi inocentado? Ele não foi inocentado. Lula teve direito à presunção de inocência restaurada, é diferente de ser inocentado num julgamento. Por quê? Porque não teve o devido processo legal. Nunca teve, e denunciei na mesma hora.”
O ex-ministro criticou o arcabouço fiscal, proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e disse que o governo está “completamente entregue à banqueirada”. “O Brasil não tem projeto para nada”, observou. “Bolsonaro é uma tragédia, mas, meu amor, cadê o projeto anterior que a gente tinha e não tem mais? Não tem mais projeto para nada.”
Ciro disse ainda que Lula é responsável pelo “reacionarismo” no país e que não tem compromisso com a mudança. Além disso, criticou a possível indicação do advogado Cristiano Zanin ao Supremo Tribunal Federal e rechaçou a liberação de emendas de relator no Congresso.
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Revista Oeste