Erinaldo Silva
O potiguar Lucas Cunha Lima, de 27 anos, provou que a determinação pode superar qualquer obstáculo ao se formar em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Portador da rara Síndrome Mucopolissacaridose (MPS) tipo 4, conhecida como Síndrome de Mórquio, Lucas enfrentou desafios em sua trajetória acadêmica e profissional, mas com coragem e apoio, conseguiu alcançar seu objetivo.
A MPS tipo 4 é uma síndrome hereditária causada por erros no metabolismo, afetando ossos, articulações, vias respiratórias, sistema cardiovascular e funções cognitivas. A condição é rara, afetando apenas 1 indivíduo a cada 40 mil nascidos vivos. Devido à síndrome, Lucas possui uma altura de 1,10 metro e enfrenta dificuldades de locomoção.
Apesar das adversidades enfrentadas, Lucas sempre contou com o apoio de amigos, que muitas vezes o carregavam nos braços para ajudá-lo na locomoção. Na universidade, ele adaptou-se utilizando almofadas para minimizar o desconforto das cadeiras. Mesmo com as dificuldades físicas, Lucas recebeu elogios da banca acadêmica ao apresentar um projeto inovador sobre energia eólica em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
“Foi um sonho [se formar]. A graduação é importante para mim, por ser um meio de crescimento pessoal e profissional, graças a ela entrei no mercado de trabalho, faço minha parte na empresa e me sinto útil”, ressaltou Lucas.
Atualmente, Lucas trabalha como auxiliar de engenharia em uma empresa potiguar atuante nos segmentos de energias renováveis e telecomunicações. Ele não pretende parar por aí e busca constantemente evoluir profissionalmente, investindo em sua capacitação.
O diagnóstico da síndrome foi realizado quando Lucas tinha apenas 1 ano, e ao longo da vida, ele passou por oito intervenções cirúrgicas, sendo a primeira delas na coluna quando tinha somente um ano e meio. Aos 15 anos, ele colaborou em um projeto de pesquisa sobre a síndrome no Rio Grande do Sul, o que o levou a morar lá por um ano. Após o retorno a Natal, iniciou um tratamento com reposição enzimática em um hospital da capital, procedimento que continua sendo realizado semanalmente, com infusões diretas na veia, cada sessão durando aproximadamente seis horas.
A descoberta do tratamento por meio das infusões foi fundamental para melhorar a qualidade de vida de Lucas, proporcionando-lhe menos cansaço e uma melhor noite de sono. “Me falaram que minha respiração está menos ofegante”, comentou Lucas, que continua a inspirar a todos com sua determinação e superação diante das adversidades. Sua história é um exemplo de resiliência e força de vontade, mostrando que com determinação, é possível alcançar grandes conquistas, independentemente dos desafios que a vida possa impor.
