Uma análise publicada neste domingo (22) pelo Wall Street Journal (WSJ) aponta que a crise política e fiscal no Brasil está diretamente ligada à desvalorização do real e à fuga de capitais do país. De acordo com a colunista Mary Anastasia O’Grady, especialista em política, economia e negócios na América Latina, o cenário é agravado pela falta de confiança no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pela política de gastos públicos elevados.
No artigo, O’Grady destaca que os gastos além do necessário, têm pressionado o Banco Central a adotar medidas emergenciais, como o aumento da taxa básica de juros (Selic) para 12,25% ao ano e intervenções no câmbio que injetaram mais de US$ 23,75 bilhões no mercado. Segundo a colunista, essas ações, embora necessárias no curto prazo, refletem uma economia desestruturada e um governo que não prioriza o controle fiscal nem a estabilidade monetária.
Para O’Grady, a falta de confiança no governo Lula tem afastado investidores internacionais. “O Brasil corre o risco de se tornar um país onde o Banco Central é pressionado a definir políticas em resposta ao excesso de gastos do governo, em vez de priorizar uma moeda sólida”, escreveu.
Apesar de reconhecer que o cenário é reversível, a colunista avalia que a atual gestão não apresenta sinais de que a estabilidade do real e o controle das contas públicas estejam no topo da agenda. “Ele [Lula] é um populista de esquerda cuja principal estratégia para vencer eleições competitivas é baseada em gastos elevados. Agora o orçamento está esgotado”, afirma O’Grady, destacando que a fuga de investidores deve continuar enquanto o atual governo estiver no poder.
A má gestão fiscal e a falta de credibilidade política são apontadas como os principais fatores que colocam o Brasil em uma posição delicada no cenário global, segundo o WSJ.