O Porto de Natal comemorou um crescimento expressivo de 107% nas exportações de frutas em 2024, em comparação com o ano anterior. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (20) pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), o terminal exportou 135.302 toneladas de frutas em 2023, um salto significativo após um período de dificuldades.
A reviravolta ocorreu após uma crise que afetou o Porto no ano passado, com a saída da empresa francesa CMA CGM, até então a maior operadora do terminal. A decisão da CMA CGM de transferir suas operações para o Porto de Mucuripe, em Fortaleza (CE), gerou um impacto negativo significativo, com uma queda nas receitas estimada em 66%, representando um prejuízo de cerca de R$ 5 milhões. A movimentação de navios de carga no Porto de Natal ficou praticamente paralisada por um tempo, deixando em alerta os gestores do terminal.
Porém, o cenário começou a mudar em agosto de 2024, quando o Porto iniciou uma nova operação focada na exportação de frutas. A ação, marcada pela ancoragem do navio panamenho Cool Carries, tem como objetivo enviar 6 mil toneladas de frutas por semana para a Europa. Essa operação está prevista para ser concluída em fevereiro deste ano, e traz uma perspectiva otimista para os próximos meses.
A Agrícola Famosa se tornou a principal operadora para a exportação de frutas, utilizando navios frigoríficos e pallets no armazenamento, o que, de acordo com a Codern, contribuiu para reduzir o desperdício de carga, com uma logística mais eficiente e adaptada às necessidades do terminal.
“Estamos vivendo um bom momento após o cenário negativo da saída da CMA CGM do Porto de Natal, e a nossa expectativa é que esses números melhorem cada vez mais”, afirmou Paulo Henrique Macedo, diretor-presidente da Codern.
Mudanças e desafios estruturais
A saída da CMA CGM em 2023 foi motivada por questões estruturais, como a necessidade de manobras para navios de 260 metros de comprimento e a altura da Ponte Newton Navarro, que limita a passagem de embarcações com mais de 220 metros de comprimento. Além disso, a empresa francesa destacou a falta de defesa na ponte, o que comprometeria a segurança das operações.
A Codern reconheceu essas limitações e informou que o Rio Potengi, onde o Porto de Natal está situado, está assoreado e necessita de drenagem do canal. Um projeto para essa drenagem está previsto para ser executado em 2025, já que a última manutenção do canal foi realizada em 2009.
Além disso, a Codern está promovendo outras obras de infraestrutura, como a modernização de galpões e armazéns, além da instalação de uma usina fotovoltaica no terminal. Tais obras contam com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em outubro de 2024, o Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, esteve em Natal para assinar, ao lado do presidente Lula, o edital para obras nas defensas da Ponte Newton Navarro, com investimento de R$ 50 milhões, um passo importante para melhorar a segurança e a operação do Porto de Natal.
Com esses avanços e um cenário mais positivo, a expectativa é que o Porto de Natal continue se consolidando como um importante hub de exportação de frutas, especialmente para o mercado europeu.