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A cidade que nunca dorme

Quando a noite cai, a cidade revela histórias de paixão, solidão e trabalho incansável.

Imagem: Ilustração

A cidade repousa, mas nem todos dormem. A madrugada se espalha pelas ruas, iluminada apenas pelos postes solitários e pelos faróis que cortam a escuridão. Para alguns, é um intervalo entre o ontem e o amanhã, um momento de pausa. Para outros, é o palco onde a vida acontece de verdade. Casais trocam juras de amor eterno em calçadas desertas, acreditando que o tempo está suspenso. Corpos se entregam ao prazer em quartos de luz baixa, onde promessas sussurradas parecem mais sinceras do que jamais serão à luz do dia. Enquanto isso, em outros cantos da cidade, amores desmoronam em discussões abafadas, palavras cortantes substituindo gestos que antes eram de carinho. O fim de algumas histórias acontece na mesma noite em que outras começam. 

Mas a madrugada não pertence apenas aos amantes e aos desiludidos. Ela também é dos que mantêm a cidade viva enquanto os outros descansam. O motoboy acelera contra o vento frio, levando na mochila muito mais do que pedidos: leva urgências, necessidade, esperanças. O vigia noturno faz sua ronda pelo prédio escuro, atento a qualquer movimento. Na padaria, o padeiro retira o primeiro pão quente do forno, preparando-se para o dia que logo começará. O motorista do ônibus noturno conduz sua última viagem antes do amanhecer, observando passageiros cansados que voltam do trabalho ou que partem para mais uma jornada. A cidade não para, porque existem aqueles que sustentam suas engrenagens enquanto os outros dormem. 

No meio do asfalto molhado, um cachorro atravessa a avenida, sem pressa, sem destino. Seu olhar perdido carrega uma história que ninguém conhece, um silêncio que ninguém traduz. Ele caminha sozinho, como se a cidade também pertencesse a ele, como se conhecesse cada canto escondido onde a noite guarda seus segredos. Para onde vai? Ninguém sabe. Mas, de alguma forma, ele parece entender melhor do que muitos o que significa pertencer à madrugada. 

Em meio a isso, há aqueles que caminham sozinhos, sem pressa, com a mente ocupada por sonhos adiados e promessas não cumpridas. A noite, com sua calma cortante, amplifica as vozes internas. Um homem sentado no banco da praça olha para o céu, tentando encontrar respostas entre as estrelas. Em um bar quase vazio, uma mulher bebe devagar, encarando seu reflexo no vidro da janela, como se tentasse reconhecer quem se tornou. Cada um deles carrega sua própria história, seus próprios desejos, suas próprias cicatrizes. 

A cidade nunca dorme porque abriga tudo: o amor e o adeus, o trabalho e a solidão, a esperança e o cansaço. O silêncio da madrugada não significa que nada acontece; ao contrário, é quando tudo se revela. E quem está desperto nesse momento sabe que a noite tem um jeito peculiar de expor as verdades que o dia esconde. 

Crônicas da Vida RealUm espaço para reflexões sobre situações que, reais ou fictícias, podem ser vividas por qualquer um de nós. Gostou dessa história? Compartilhe com a hashtag #CronicasDaVidaReal e marque quem precisa ler! 

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Postado por Eryx Moraes

Eryx Moraes é um jornalista potiguar de destaque, nascido em 25 de março de 1985 em Felipe Guerra, RN. Com uma carreira brilhante e apaixonado pela comunicação, ele se tornou influente na região, conquistando o respeito dos mossoroenses e sendo agraciado com a cidadania mossoroense. Sua experiência inclui passagens por rádios e jornais impressos, abordando com competência temas diversos, desde política e economia até outros assuntos.

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