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A noite dos poetas assassinados: relembrando uma das matanças esquecidas de Stalin

O chanceler alemão, Joachim Von Ribbentrop (à direita) e o líder soviético Joseph Stalin apertam as mãos após a assinatura do acordo sobre a delimitação das fronteiras polonesas entre a Alemanha e a Rússia, em Moscou.| Foto: EFE

O poder mata. O poder absoluto mata mais do que é possível contar. O ditador soviético Joseph Stalin falou com autoridade sobre o assunto quando disse: “Uma única morte é uma tragédia; um milhão de mortes é uma estatística.”

Para escrever sobre um ou mais massacres pelos quais Stalin foi responsável, deve-se primeiro responder à pergunta: “Quais?” Existem muitos. O massacre dos kulaks durante suas campanhas de coletivização da década de 1930. O Holodomor ucraniano de 1932-33. O Grande Expurgo de 1937. O assassinato de 22.000 oficiais militares poloneses e prisioneiros de guerra na Floresta Katyn em 1940. As deportações em massa de várias nacionalidades, acompanhadas de inúmeras mortes, que ele orquestrou ao longo de seus 30 anos no poder. E assim vai. “Tio Joe”, como Franklin Roosevelt o chamou, é um dos cinco maiores assassinos em massa do milênio.

Uma das matanças quase esquecidas do tio Joe ocorreu em 12 de agosto de 1952 e é conhecida nos livros de história como “A Noite dos Poetas Assassinados”. No 70º aniversário da tragédia, lembremo-nos tanto das vítimas quanto da lição maior, a saber, que o poder concentrado e absoluto é medonho, um negócio criminoso.

Aqui está a história…

O “Pogrom Secreto de Stalin”

Quando Hitler invadiu a União Soviética em junho de 1941, Stalin de repente se tornou um aliado da Grã-Bretanha e dos EUA na luta contra os nazistas. Todo mundo sabe disso, mas muitas pessoas esquecem que, em primeiro lugar, Stalin foi conivente com Hitler para começar a Segunda Guerra Mundial. Ele assinou um acordo secreto com a Alemanha em agosto de 1939 pelo qual as duas potências concordaram em invadir e dividir a Polônia. Stalin aproveitou a oportunidade para atacar os estados bálticos e a Finlândia também.

Enquanto as forças nazistas avançavam em direção a Moscou, os judeus russos sabiam que suas vidas estavam em jogo por mais de uma razão. Alguns – o ator Solomon Mikhoels e o poeta Itzik Fefer entre os mais proeminentes – formaram o Comitê Judaico Antifascista (JAC) para arrecadar fundos e apoio internacional para o esforço de guerra soviético. Após a derrota de Hitler, o JAC voltou sua atenção para a reconstrução das comunidades e da cultura judaica dentro da União Soviética. Para Stalin, tal atividade representava um desafio. O poder absoluto odeia até mesmo uma nesga de competição.

A partir de 1948, líderes e ativistas do JAC foram alvo de prisão e coisas piores. Mikhoels foi morto em um “acidente” de carro — atropelado por ordem de Stalin, revelaram os arquivos soviéticos anos depois. Os outros foram submetidos a tortura e interrogatórios brutais e, por fim, acusados ​​de “crimes contrarrevolucionários”. Isso continuou por anos antes de 15 sobreviventes serem levados ao tribunal em maio e junho de 1952.

O chamado “julgamento” durou seis semanas. Foi uma farsa desde o início, seu resultado pré-determinado. Os escritores Joshua Rubenstein, Vladimir Naumov e Laura Wolfson em seu livro, ‘Stalin’s Secret Pogrom’ (O Pogrom Secreto de Stalin — Pogroms eram os movimentos de violência dirigidos a uma comunidade em especial, geralmente os judeus, na Rússia Czarista), descreveram-no como “nada menos do que terror disfarçado de lei”. Aos réus judeus – a maioria dos quais eram poetas e figuras literárias para quem o JAC era uma causa, não uma profissão em tempo integral – foram negados advogados de defesa. Até mesmo o juiz militar presidente, Alexander Cheptsov, reclamou da falta de provas, mas foi rejeitado pelos superiores da estrutura de poder comunista. Todos foram considerados culpados. O estado de direito foi pisoteado.

Durante a noite de 12 para 13 de agosto de 1952, treze dos prisioneiros foram executados na notória prisão de Lubyanka, em Moscou. Outro escapou da morte apenas porque desmaiou, entrou em coma e morreu meses depois. A 15ª condenada, uma notável bioquímica chamada Lina Stern, foi considerada vital demais “para o Estado”, então ela saiu com apenas três anos e meio de prisão, seguida de cinco anos de exílio no Cazaquistão.

Enquanto isso, Stalin se ocupava preparando mais acusações falsas. No que ficou conhecido mais tarde como a conspiração dos médicos, ele fez com que vários médicos judeus enfrentassem acusações de conspiração contra o Estado. O palco estava montado para outro julgamento no estilo “Poetas”. As vidas dos médicos foram salvas quando Stalin morreu e seu sucessor final, Nikita Khrushchev, anunciou que a coisa toda era uma grande mentira.

Khrushchev revelou que Stalin – o mesmo homem que uma vez ordenou a Khrushchev que alimentasse o antissemitismo na Ucrânia nestes termos arrepiantes: “Os bons trabalhadores da fábrica deveriam receber tacos para que possam dar uma surra naqueles judeus” – havia dado instruções para “bater, bater e bater de novo” até os médicos confessarem.

Se você está tentado a descartar “A Noite dos Poetas Assassinados” ou a “Trama dos Médicos” ou qualquer outro massacre de inocentes da história como fatos interessantes tornados amplamente irrelevantes pela passagem do tempo, por favor, pense novamente. Nem de longe eles são irrelevantes.

Espasmos medonhos de violência são ferramentas usuais das tiranias. E tiranias, de um tipo ou de outro, são a forma de governo sob as quais a maioria dos seres humanos viveu. A tirania é a razão pela qual nós que afirmamos ser “livres” devemos nutrir princípios como a separação de poderes; pesos e contrapesos; Devido Processo; habeas corpus; a regra da lei; o direito de votar; respeito aos direitos individuais; liberdades de expressão, de imprensa, de reunião e de religião; de ter uma Constituição escrita.

Essas noções consagradas pelo tempo pelas quais tantas almas corajosas sacrificaram tudo distinguem a civilização da barbárie. De quem se importa pouco com eles, o resto de nós deve correr por nossas próprias vidas. Devemos exigir uma resposta a esta pergunta de cada político: O que, se você for eleito, fará para parar e reverter a concentração de poder?

Ao observarmos esse momento terrível da história, lembremo-nos de que esses momentos terríveis são numerosos demais para serem contabilizados com precisão, assim como suas vítimas. Vamos refletir sobre os princípios que sabemos em nossos corações são preciosos e indispensáveis ​​na prevenção de futuros momentos terríveis.

Lawrence W. Reed é presidente emérito da FEE, e embaixador global da Ron Manners para a Liberty, tendo servido por quase 11 anos como presidente da FEE (2008-2019).

©2022 FEE Foundation For Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês.

Gazeta do Povo

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Written by MOSSORÓ NEWS

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