Reeleito em 2024 com mais de 78% dos votos, o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), consolidou sua liderança política local e agora vê seu nome surgir nas discussões sobre a sucessão estadual de 2026. No entanto, as articulações iniciais impõem um grande teste de maturidade para o jovem gestor, que precisa evitar armadilhas e calcular bem seus próximos passos.
Ao longo de sua trajetória, Allyson sempre buscou manter uma postura de independência política. Nunca fez oposição aberta ao PT, mas também jamais contou com apoio do partido. Pelo contrário, o governo Fátima Bezerra sempre tratou sua gestão com indiferença, enquanto o PT, por meio da deputada estadual Isolda Dantas e da vereadora Marleide Cunha, atuou abertamente contra sua administração em Mossoró. Agora, com a governadora sem um nome forte para sua sucessão, o que se vê é uma tentativa do petismo de atrair Allyson para um jogo que pode comprometer seu futuro político.
Após rupturas com os senadores Styvenson Valentim (Podemos) e Rogério Marinho (PL), Allyson encontrou afinidade com a senadora Zenaide Maia (PSD), aliada dos governos Fátima e Lula. Mas esse caminho apresenta riscos. Zenaide pode ser uma ponte para o governo estadual, mas carregar essa aliança nas costas já seria um fardo. Uma aproximação com Fátima e o PT, então, poderia se tornar um erro fatal. Afinal, dificilmente o partido abriria mão de lançar um candidato de sua absoluta confiança, algo que Allyson não é e jamais foi.
A política potiguar tem exemplos de alianças equivocadas que tiveram um alto custo. O empresário e ex-candidato a prefeito de Mossoró, Tião Couto, viu sua trajetória ser interrompida precocemente ao se aliar ao então governador Robinson Faria. Um exemplo mais recente é o do ex-presidente da Câmara de Mossoró, Lawrence Amorim, que em 2024 se uniu ao PT, resultando em um desfecho trágico para sua carreira. Allyson, com uma base eleitoral consolidada e uma trajetória ainda em ascensão, não pode cometer o mesmo erro.
Com o suporte do experiente articulador José Agripino Maia (União Brasil), o prefeito de Mossoró pode e deve avaliar melhor suas movimentações. Se não conseguir reconstruir pontes com Rogério Marinho e Styvenson, talvez a melhor demonstração de maturidade seja reconhecer que sua candidatura ao governo em 2026 pode não ser o movimento mais estratégico. Em política, o tempo certo é fundamental, e saber esperar pode ser a diferença entre um futuro promissor e um erro irreversível.