Segundo a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, os alunos do ensino médio tiveram o pior desempenho da história em 2021. O fechamento das escolas deixou professores sem condições de lecionar e alunos sem possibilidade de aprender por um período que ultrapassou – e muito – as “duas semaninhas necessárias para achatar a curva”.
Depois de dois anos cheios de restrições, mas vazios de providências para amenizar as perdas, chega agora mais uma das muitas contas que a política do “fique em casa” rendeu. A história de que tudo mais “a gente vê depois” fechou os olhos para o fato de que a população passou a enfrentar situações insustentáveis, gerando prejuízos irreparáveis.
Como garantir computador e internet para as pessoas trabalharem em casa e, ao mesmo tempo, os filhos assistirem às aulas e fazerem suas tarefas? Como tirar dúvidas por meio de “chats” sem pessoal suficiente para responder? Como desenvolver trabalhos em grupo – tão necessários para o aprendizado – estando à distância? Como acreditar que essa política que ignorou completamente a realidade da população traria um resultado diferente do caos que estamos testemunhando?
De acordo com o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), 97% dos alunos do ensino médio deixarão a escola com uma defasagem de seis anos. Isso porque o nível de conhecimento de um aluno do 3º ano em matemática é equivalente apenas à 7ª série do ensino fundamental. Em português a situação também é vergonhosa, com quatro a cada dez alunos apresentando um nível “abaixo do básico”.
Sobre a qualidade do ensino em São Paulo, estado mais rico do país, o secretário da Educação, Rossieli Soares, disse à imprensa que “já era ruim e ficou pior” e que “o ensino médio já estava no fundo do poço e a pandemia mostrou que podia piorar”. Para completar, Soares disse não haver previsão para que os alunos recuperem o tempo perdido.
É bastante curiosa a forma que alguns políticos têm de se expressar como se não tivessem nenhuma responsabilidade sobre o assunto. Fica parecendo até que não foi o governo de São Paulo que trabalhou tanto pelo “fique em casa” e que pressionou outros governadores a fazerem o mesmo. Daqui alguns anos ninguém mais vai lembrar de quem se aproveitou da situação para bancar o tiranete, mas esse esquecimento não será o suficiente para apagar os prejuízos que estão deixando para a população.
R7