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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta uma queda expressiva em sua popularidade, alcançando os piores índices de aprovação desde o início de seu terceiro mandato. Os números mais recentes do Datafolha indicam que apenas 24% dos brasileiros aprovam sua gestão, um patamar inferior ao registrado durante o escândalo do mensalão, em 2005.
Se naquele episódio Lula conseguiu reverter o desgaste e se reeleger em 2006, desta vez o cenário é diferente. A estratégia de impulsionar a economia por meio de grandes gastos públicos levou à queda histórica do desemprego, mas sem reflexo positivo na percepção popular. A insatisfação com a economia e a falta de um sentimento de gratidão por parte do eleitorado tornam o momento ainda mais desafiador para o governo petista.
Impeachment no horizonte?
A oposição busca capitalizar o descontentamento e ensaia movimentos para um eventual pedido de impeachment. No entanto, apesar da baixa aprovação do governo, não há, até o momento, um ambiente popular favorável para uma interrupção precoce do mandato. O que se percebe é um governo enfraquecido, com 62% dos brasileiros rejeitando a ideia de Lula como candidato em 2026, segundo levantamento do Ipec.
Diante desse cenário, Lula continua apostando em medidas que buscam agradar setores específicos da população. A promessa de isentar do Imposto de Renda aqueles que ganham até R$ 5 mil mensais segue de pé, apesar da incerteza sobre as fontes de compensação para a perda de arrecadação estimada em R$ 50 bilhões. Além disso, o governo estuda novas facilitações de crédito e a distribuição gratuita de gás de cozinha para 22 milhões de famílias, além da retomada do programa educacional Pé-de-Meia.
Economia em alerta
Os impactos dessas políticas, no entanto, podem ser problemáticos. O aumento de gastos sem garantia de receitas pode pressionar a inflação e a taxa básica de juros, prejudicando ainda mais o crescimento econômico. A expectativa de uma recessão em 2025 acende um alerta para o governo, que pode enfrentar dificuldades ainda maiores nos próximos meses.
Sem um plano claro para recuperar sua popularidade e com a economia sob tensão, Lula se apoia no discurso de que seu governo é melhor do que as alternativas da oposição. No entanto, com a deterioração do cenário político e econômico, a principal dúvida que paira sobre o Planalto é se o presidente conseguirá chegar às eleições de 2026 com fôlego suficiente para disputar a reeleição ou se sua gestão estará marcada pelo desgaste definitivo de sua imagem.