Aulas do curso de Medicina, coral da igreja, vlogs e humor. Esses são alguns dos temas que Raquel Nery, de 20 anos, costuma abordar com o público que a acompanha no mundo digital. A influencer potiguar é autista nível 2 de suporte – ou autismo moderado – e encontrou na internet uma forma de expressar os seus maiores gostos e o seu dia a dia.
Raquel decidiu instalar o aplicativo de vídeos TikTok no ano de 2020, por recomendações de terceiros. Até então, ela conta que ainda não havia usado redes sociais. “Eu comecei a fazer vídeos de edição. Achava legal as pessoas fazendo e comecei a editar vídeos de desenhos que eu gostava, como Turma da Mônica”, diz a jovem. No entanto, até o momento, Raquel ainda não se sentia ela mesma com o tipo de vídeo que produzia.
“Eu sentia que não estava sendo eu mesma, porque estava tentando imitar outras pessoas”. Um ano depois, em 2021, ela começou a gravar e publicar vídeos compartilhando a própria rotina. “Eu queria mostrar a minha vida e assim as pessoas que são parecidas comigo poderiam gostar de mim”.
As ideias de Raquel deram certo e ela bombou nas redes. Hoje, a criadora de conteúdo conta com 1,2 milhão de seguidores no TikTok, além de quase 300 mil inscritos no canal do YouTube. Os “haters”, pessoas que destilam comentários de ódio nas redes sociais, existem. Mas ela conta que a grande parte do público é agradável. “Muita gente me xinga, mas a maioria é bem legal. As pessoas perguntam sobre a minha vida, me dão conselhos sobre o que gravar e o que gostariam de ver nos vídeos”, diz.
Um dos conteúdos mais produzidos por Raquel é sobre as aulas na faculdade de Medicina. No segundo semestre deste ano, ela começou a frequentar o curso na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Apesar da atual rotina corrida, sendo a graduação em período integral, ela demonstra satisfação e felicidade. “Está sendo muito cansativo. Eu tenho aula de manhã e de tarde e, à noite, quando chego em casa, preciso estudar. Mas ao mesmo tempo também é muito legal, porque eu gosto de ter coisas para estudar”, relata a estudante.
Ela ainda diz que seus maiores pontos fortes para conseguir passar no vestibular foram “organizar bem as prioridades e ser disciplinada em relação ao tempo”.
Amor e apoio como suportes diários
Carla Sabino, mãe de Raquel, recomenda, com base na própria experiência, que haja a busca de um apoio psicológico para dar suporte à família de pessoas autistas. “É muito importante que se busque orientações e o máximo de apoio que conseguir”, comenta Carla, “E que assim a pessoa autista consiga ter um bom desenvolvimento, nos mais diversos aspectos da vida”.
A paciência, a atenção e o amor são outras características que a mãe de Raquel acredita serem essenciais na vivência. “Nunca devemos dizer a um autista que ele é incapaz de realizar alguma tarefa que ele se dispõe a fazer”, destaca, reafirmando a importância do apoio e do incentivo.
(*Supervisão da jornalista Nathallya Macedo)
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