Com a invasão russa em curso na Ucrânia, o serviço de internet por satélite Starlink foi disponibilizado no território ucraniano, segundo anunciou neste sábado (27) Elon Musk, CEO da Space X, empresa responsável pela tecnologia.
Musk fez a declaração no Twitter, dez horas depois que Mykhailo Fedorov, vice-primeiro-ministro ucraniano, pediu ao bilionário que fornecesse à Ucrânia estações Starlink no país.
“Enquanto você tenta colonizar Marte — a Rússia tenta ocupar a Ucrânia! Enquanto seus foguetes pousam com sucesso do espaço, foguetes russos atacam civis ucranianos! Pedimos que você forneça à Ucrânia estações Starlink e incentive russos sensatos a se oporem [ao conflito]”, escreveu o governante.
“O serviço Starlink agora está ativo na Ucrânia. Mais terminais a caminho”, respondeu o CEO da Space X, que oferece acesso de banda larga de alta velocidade por meio de uma enorme constelação de satélites em órbita baixa com a Terra.
Crise de conectividade
No último sábado (27), monitores alertaram que a conectividade da internet na Ucrânia foi afetada pela guerra, sobretudo nas partes sul e leste do país, onde ocorreram combates mais intensos, de acordo com a agência Reuters.
Após a invasão russa inciada na quinta-feira (24), a conectividade do principal provedor de internet local, o GigaTrans, caiu para menos de 20% do que é considerado normal, embora o serviço tenha sido retomado a níveis mais altos na manhã de sexta-feira (26).
“Atualmente observamos conectividade nacional em 87% dos níveis normais, um número que reflete interrupções de serviço, bem como fuga de população e fechamento de residências e empresas desde a manhã do dia 24”, informa Alp Toker, diretor da organização de monitoramento NetBlocks.
Segundo o porta-voz, não houve confirmação de um apagão em escala nacional, mas pouco se sabe das regiões mais afetadas. Em outras áreas, há um medo presente de que a conectividade possa piorar a qualquer momento, cortando contato da população com amigos e familiares nos conflitos.
Por que a Starlink é importante na Ucrânia?
A tecnologia de satélite fornece internet para pessoas que vivem em áreas rurais ou de difícil acesso, onde cabos de fibra óptica e torres de celular não chegam. Felicia Anthonio, ativista da organização de direitos digitais Access Now, recorda que desligamentos de conexão já tiveram grande impacto em outras zonas de guerra ao redor do mundo.
“A infraestrutura da internet se torna um alvo para controlar o fluxo de informações e ganhar ou manter o poder durante o conflito, como testemunhamos através da destruição da infraestrutura de telecomunicações do Iêmen devido aos ataques aéreos liderados pela Arábia Saudita”, cita Anthonio, em entrevista ao The Verge.
“O interrompimento de internet em tempos de crise, conflito e agitação dificulta que jornalistas e defensores de direitos humanos obtenham informações vitais dentro e fora dessas regiões e que as pessoas acessem informações cruciais que podem afetar sua segurança”, completa.
Como funciona a Starlink
A internet é acessada usando uma antena parabólica colocada no local ou nas proximidades onde o serviço é necessário, segundo o site Space.com. Desde 2019, a SpaceX lançou mais de 2 mil satélites para a Starlink, que deve ter ainda mais 14 mil desses equipamentos.
Recentemente, a empresa enviou 50 terminais até a nação insular de Tonga, no Oceano Pacífico, para fornecer internet gratuita em aldeiras remotas após a erupção vulcânica e o tsunami ocorridos em janeiro. Na última sexta-feira (25), a SpaceX lançou uma nova remessa de cerca de 50 satélites para oferecer conectividade a clientes do mundo todo.
Revista Galileu