Divulgado amplamente na internet, o Jogo do Tigrinho se tornou uma febre entre brasileiros, especialmente desde a pandemia da Covid-19. Essa modalidade de caça-níquel virtual promete ganhos fáceis, mas tem alimentado esquemas fraudulentos operados por redes criminosas internacionais.
Em agosto, uma operação do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Angola desmantelou um call center que operava 24 horas em turnos, enganando apostadores brasileiros. Com sede no hotel Sunshine, a estrutura usava 223 computadores e 113 celulares para atrair vítimas, coletar dados pessoais e desviar recursos financeiros. Investigadores apontam transferências complexas de dinheiro do Brasil para outros países, convertendo os valores para kwanzas, moeda angolana.
Plataformas clandestinas como YYDBet, DTBet e Globaljogo seguem ativas, mesmo após operações policiais. Influenciadores brasileiros são frequentemente aliciados para promover esses sites em troca de comissões, alimentando a ilusão de prêmios milionários. Festas luxuosas, passeios de barco e vídeos virais são usados como iscas, mascarando as atividades ilícitas.
As fraudes se conectam a redes financeiras ocultas. Investigações no Brasil levaram ao indiciamento de figuras como a ex-BBB Adélia Soares, acusada de abrir empresas fraudulentas para processar pagamentos de apostas. Delegados descrevem estruturas complexas, comparando-as a bonecas russas, onde cada camada esconde outra ainda mais intrincada.
Com os golpes em expansão, especialistas alertam para a necessidade de regulamentação e maior vigilância das plataformas de pagamento e apostas online. Enquanto isso, o Jogo do Tigrinho continua a capturar a atenção de apostadores, alimentando um mercado ilegal que opera nas sombras.