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De olho na China, Austrália anuncia maior reforma militar desde a Segunda Guerra

Segundo o primeiro-ministro Anthony Albanese, medida visa tornar o país mais autossuficiente, preparado e seguro.

O submarino da Marinha Real Australiana HMAS Sheean chega para uma visita logística ao porto em 1º de abril de 2021 em Hobart, Austrália. Foto: Australian Defense Force/ Getty Images

A Austrália revelou uma mudança radical em seus gastos com defesa, anunciada como a revisão mais significativa de sua preparação militar desde a Segunda Guerra Mundial, mudando sua ênfase para capacidades ofensivas de longo alcance e construção de munições em território nacional.

Lançando a Revisão Estratégica de Defesa em Canberra, o primeiro-ministro Anthony Albanese disse que a estratégia de seu governo foi projetada para tornar a Austrália mais autossuficiente, mais preparada e mais segura.

“Não podemos cair em velhas suposições. Devemos construir e fortalecer nossa segurança procurando moldar o futuro em vez de esperar que o futuro nos molde”, disse Albanese.

A revisão examinou bilhões de dólares comprometidos pelo governo anterior e reavaliou seu valor contra ameaças percebidas, inclusive de uma China cada vez mais forte sob o líder Xi Jinping.

Embora a versão não confidencial do relatório não inclua avaliações confidenciais de ameaças específicas, observou que o maior aliado de defesa da Austrália, os Estados Unidos, “não é mais o líder unipolar do Indo-Pacífico”.

“A afirmação de soberania da China sobre o Mar da China Meridional ameaça a ordem global baseada em regras no Indo-Pacífico de uma forma que afeta negativamente os interesses nacionais da Austrália”, disse a revisão.

O maior nível de risco estratégico que a Austrália enfrenta agora é a perspectiva de um grande conflito na região, acrescentou a revisão, sugerindo uma estratégia de maior autossuficiência combinada com relacionamentos mais fortes com seus aliados e potências-chave na região, incluindo Japão e Índia.

Reformulando a missão de defesa da Austrália

Durante décadas, o afastamento da Austrália fomentou a suposição de que qualquer ataque viria com um aviso de 10 horas. Agora, os países são capazes de “projetar poder de combate” por meio de ataques a rotas de abastecimento e guerra cibernética, disse a revisão.

“A ascensão da ‘era dos mísseis’ na guerra moderna reduziu radicalmente os benefícios geográficos da Austrália (e) o conforto da distância”, disse o relatório.

Além disso, a pandemia de Covid-19 expôs a vulnerabilidade da Austrália às cadeias de suprimentos globais, disse Albanese a repórteres, o que significa que era necessário que o país se tornasse mais autossuficiente.

“Precisamos ter maior controle sobre nossa soberania nacional. Portanto, fabricar coisas na Austrália não é apenas bom para empregos e bom para nossa economia, mas também é uma questão de segurança nacional”, disse ele.

O ministro da Defesa, Richard Marles, disse que a postura de defesa que serviu bem à Austrália por décadas “não era mais adequada ao propósito” e a revisão reformula a missão da Força de Defesa Australiana (ADF).

Seu novo propósito redefinido é defender a nação, projetar poder para suas abordagens do norte e manter a ordem baseada em regras globais com seus aliados, disse Marles.

A revisão recomendou que a Austrália adotasse uma “estratégia de negação”, definida como “uma abordagem defensiva projetada para impedir que um adversário tenha sucesso em seu objetivo de coagir os estados por meio da força ou do uso ameaçador da força para alcançar o domínio”.

Para esse fim, a revisão recomendou seis prioridades, começando com o desenvolvimento de um programa submarino de propulsão nuclear, previamente anunciado sob o acordo AUKUS com os Estados Unidos e o Reino Unido.

Também recomenda acelerar a aquisição de mísseis de ataque de longo alcance e fabricar munições na Austrália. O país também quer melhorar sua cooperação em defesa com os vizinhos regionais, principalmente no Pacífico.

Os requisitos técnicos incluem a necessidade de atualizar as aeronaves F-35A Joint Strike Fighter e F/A-18F Super Hornet para operar sistemas de mísseis antinavio de longo alcance.

Uma campanha de recrutamento urgente também é necessária para aumentar a força de trabalho da ADF, incluindo o número de trabalhadores nos estaleiros para expandir a força submarina.

Mudança de prioridades e cortes

A mudança de prioridades significa que o financiamento de alguns programas será cortado.

Por exemplo, os planos de compra de 450 veículos de combate de infantaria foram reduzidos para apenas 129.

O dinheiro economizado será gasto em mais sistemas de foguetes HIMARS, que foram usados ​​com efeitos letais na Ucrânia, e embarcações de desembarque, para dar maior mobilidade ao exército.

Os veículos de combate de infantaria deveriam ter sido adquiridos da Hanwha Defense Australia e da Rheinmetall Defense Australia, as duas propostas pré-selecionadas que são armas australianas de empresas sul-coreanas e alemãs.

O governo australiano já conversou com os governos desses países, disse o ministro da Indústria de Defesa, Pat Conroy.

“A capacidade de um veículo de combate de infantaria é uma parte importante de um exército australiano moderno. Mas também precisamos da capacidade de implantá-los e é por isso que estamos investindo em embarcações de desembarque médias e pesadas e investindo em uma mudança geracional em ataques de longo alcance também para o Exército australiano”, disse Conroy.

Mudanças anteriores nos planos de aquisição de defesa da Austrália irritaram aliados, particularmente a França, que se irritou com o cancelamento do antigo governo de um acordo submarino de US$ 60 bilhões (cerca de R$ 303 bilhões) em favor do programa AUKUS.

Este governo prometeu ser mais ágil na tomada de decisões sobre projetos de defesa, agilizando aqueles considerados estrategicamente mais importantes. A revisão apontou para a necessidade de o governo australiano “abandonar sua busca pela solução perfeita”.

“A busca pelo perfeito muitas vezes foi feita às custas do tempo. Há um custo de oportunidade e um custo de capacidade associados a isso. Portanto, precisamos reequilibrar isso”, disse Marles.

CNN Brasil

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Written by MOSSORÓ NEWS

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