O delegado Bruno Calandrini solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão de integrantes da cúpula da Polícia Federal (PF). Calandrini é o atual responsável pelas investigações sobre a corrupção no Ministério da Educação (MEC), que levou à condenação do Ex-ministro da pasta, Milton Ribeiro, e alega ter ocorrido interferência do alto comando da PF ao longo das apurações sobre o caso. O pedido deve ser avaliado pela ministra Cármen Lúcia, encarregada do inquérito sobre a corrupção no MEC. A informação foi dada neste sábado (13) com exclusividade pelo colunista Rodrigo Rangel, do site Metrópoles.
É a primeira vez, na história recente da PF, que um delegado pede a prisão da cúpula da corporação. O caso do gabinete paralelo do Mec vem sendo investigado desde março deste ano, após denúncia do Jornal o Estado de S. Paulo. Em junho, o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi preso pela Polícia Federal após suspeitas de envolvimento no caso. Na época, Agentes da corporação cumpriram 13 mandados de busca e apreensão e cinco ordens de prisão em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.
Pouco depois da prisão de Milton Ribeiro, Bruno Calandrini chegou a afirmar em um grupo de policiais da PF que seus superiores estariam impondo obstáculos ao bom andamento da investigação. Na mensagem, ele escreveu não ter autonomia para conduzir o inquérito com independência e segurança institucional.
Ainda, segundo o delegado, com base em telefonemas interceptados com autorização judicial, há indícios de que o presidente Jair Bolsonaro teria alertado Milton Ribeiro do risco iminente de deflagração de uma operação. Uma vez dado o apontamento, o Ministério Público Federal pediu que o caso, que antes seguia primeira instância da Justiça Federal em Brasília, fosse remetido para o Supremo Tribunal Federal. Desde então, o inquérito está com a ministra Cármen Lúcia.
O pedido de prisão da cúpula da Polícia Federal foi apresentado recentemente. Dentro da PF, já havia certa expectativa de que Calandrini, que virou alvo de uma sindicância interna após acusar seus superiores de interferir na investigação, poderia recorrer a uma medida extrema. O temor da direção aumentou dias atrás, com a constatação de que o delegado havia pedido ao Supremo uma medida cautelar. Os autos tramitam em segredo de Justiça.