A campanha eleitoral desde ano tende à polarização ainda mais acentuada do que a anterior, com acirramentos que devem se intensificar na medida em que a fase de pré-campanha se aproxima do período oficial da disputa entre os candidatos. Uma terceira via tem dificuldades, embora não esteja totalmente descartada para ocupar o lugar de um dos polos. E temas novos entrarão em discussão, como a pandemia, mas a troca de acusação estará presente e será usada pelos candidatos e apoiadores. Esses são alguns dos prognósticos feitos por um consultor político, um publicitário e um ex-deputado federal e constitucionalista, válidos também para a campanha ao governo dos Estados.
O consultor em política e comunicação Gaudêncio Torquato acredita que a campanha eleitoral deste ano “poderá ser uma das mais contundentes e polarizadas” da história do Brasil, “porque estamos chegando ao final de um ciclo e o eleitor tende a votar hoje naqueles dois perfis que estão mais visíveis, tenham maior visibilidade. O Bolsonaro e o Lula”.
Gaudêncio Torquato avalia que “evidentemente trata-se, portanto, de uma guerra aos polos ideológicos querendo chegar ao centro, particularmente o Lula querendo atrair o centro, mas será coberto por uma adjetivação muito intensa de acusações, denúncias e vice-versa. O petismo e o lulismo vai tentar cobrir o bolsonarismo com adjetivação e substantivação de incompetência e deficiência negacionista, conservadorismo exagerado, enfim, vai ser uma campanha muito pesada e muito dura”.
Para Torquato, “o diferencial da campanha eleitoral de 2022 em relação às eleições de 2018, “é que nós temos outras circunstâncias e nós temos uma pandemia ainda em curso e haverá uma tendência de culpar um ou outro, particularmente culpar o Governo. Há muitos bolsonaristas arrependidos e, portanto, poderá, nesse contexto de polarização, surgir ainda uma terceira via”.
Torquato avalia que essa terceira via poderá chegar mais adiante “e tem que de uma certa forma simbolizar o conceito de inovação e de um antídoto contra a velha política, tem que ser um elemento que realmente encarne esses valores da modernidade”.
Na opinião de Torquato, a senadora Simone Tebet (MDB-MT) e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB-RS) “poderiam assumir essas vestimentas, mas ainda estamos numa pré-campanha”, pois a campanha propriamente dita começará quando forem consolidados os nomes na nas convenções partidárias entre 20 de julho e 05 de agosto.
Quanto aos temas que poderão ser explorados politicamente na campanha presidencial e até para governadores, Gaudêncio Torquato cita a saúde, por causa da pandemia de coronavírus, que tomou conta do país, mas também vão preponderar a educação, sistema de mobilidade urbana e segurança coletiva.
“Esses são temas que de certa forma estarão presentes sempre na campanha eleitoral, mas eu lembro que quem define uma campanha é a barriga, a barriga é o principal órgão do ser humano do ponto de vista eleitoral, porque com barriga cheia, bolso cheio, barriga satisfeita, coração agradecido, cabeça vota”.
Torquato ainda destacou: “Eu sempre falo na operação e na equação bolso, barriga, coração, cabeça. Mais uma vez, o bolso cheio significa geladeira cheia e, evidentemente, barriga satisfeita, coração agradecido e a cabecinha tente a votar. A economia ainda está em polvorosa, está difícil resgatar a economia a ponto de colocar dinheiro no bolso do consumidor”.
Segundo Torquato, com a economia devastada e sem sua recuperação e a pandemia em curso e todos esses temas estarão dentro do palanque eleitoral: “Aquela pessoa que simbolizar maior esperança para o povo, esse poderá nos dar mais isso, mais aquilo, será o contemplado.
A respeito das campanhas nos estados, Torquato afirma que “campanhas de modo geral tendem a regionalizar situações, mas diante da polarização que deverá se estabelecer, a nacionalização estará também se desenvolvendo. Os temas nacionais estarão presentes nos estados, como a pandemia, que é uma questão geral, como a economia nacional poderá chegar aos estados”.
“Acredito que desta feita o eleitor está mais crítico, mais exigente e mais cuidadoso no sentido de separar as mensagens mentirosas das mensagens verdadeiras, vai haver muitos fake news e as redes sociais vão fazer uma campanha em paralelo e realmente serão assim um grande suporte comunicacional nas campanhas”.
Tribuna do Norte
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