O dólar abriu em alta nesta segunda-feira (23), cotado a R$ 6,15, refletindo a reação do mercado após a tramitação do pacote de corte de gastos no Congresso Nacional. A moeda americana chegou a atingir a máxima do dia de R$ 6,1611, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, registrava queda de 0,71%.
O pacote fiscal, que visa reduzir os gastos públicos, foi concluído no Congresso com algumas modificações, o que gerou incerteza no mercado. A “desidratação” de algumas medidas — ou seja, ajustes que diminuem o impacto das propostas de corte — levou analistas a questionar a eficácia do pacote para controlar as despesas do governo e equilibrar as contas públicas.
Apesar das mudanças, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou os ajustes, afirmando que o resultado final ainda mantém a meta de economia do governo. Segundo Haddad, o Congresso trabalhou dentro de suas limitações e entregou um pacote “muito interessante”, embora o mercado tenha reduzido suas projeções de economia fiscal, de R$ 52 bilhões para R$ 44 bilhões, conforme avaliação da XP Investimentos.
A reação dos investidores foi negativa, com muitos questionando a falta de cortes estruturais, como na Previdência e nas despesas com saúde e educação. A perspectiva de que essas despesas possam subir rapidamente, anulando os efeitos do pacote, aumentou as preocupações sobre o controle do endividamento público nos próximos anos.
Além disso, o mercado também aguarda dados importantes no final da semana, como a prévia da inflação de dezembro e o índice de desemprego de novembro, que podem influenciar o comportamento dos ativos. A expectativa de novos cortes de gastos e medidas fiscais adicionais ao longo de 2025 também está sendo acompanhada de perto, já que o governo busca uma sinalização mais firme para reverter o cenário negativo atual.
Com a alta de 25% do dólar no ano, o Banco Central já interveio no mercado, colocando mais de US$ 28 bilhões em leilões para conter a valorização da moeda americana. No entanto, com a falta de confiança fiscal, os analistas continuam cautelosos quanto à eficácia das medidas do governo para equilibrar as contas públicas e garantir um cenário econômico estável.