O Partido dos Trabalhadores (PT) vai reunir 240 delegados, em um encontro estadual, para debater as alianças partidárias e chapa majoritária das eleições deste ano, no que, internamente, chamam de “tática eleitoral”. Para o presidente da Executiva Estadual da legenda, ex-deputado Júnior Souto, a tendência da maioria dos delegados é de chancelar o acordo político que já vinha sendo costurado por orientação da direção nacional do partido, com a indicação da pré-candidatura do presidente estadual do MDB, deputado federal Walter Alves, para ser o companheiro de chapa da governadora Fátima Bezerra, que tentará a reeleição em outubro. O Encontro deve ser no dia 21 deste mês.
Júnior Souto diz que também “é prego batido e ponta virada” o acordo para o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, ser o candidato a senador da República numa aliança com o PDT, bem como considera superada as discussões sobre nomes para o Senado, porque essa questão, por exemplo, não foi levantada em nível de Rio Grande do Norte nas negociações feitas pelo PSB no Nordeste.
Da mesma forma avisou o chefe do Gabinete, Raimundo Alves Júnior, que essa será a chapa majoritária a ser apresentada, e ainda confirmou a participação da governadora Fátima Bezerra, mas não está definido se ela abre ou encerra o encontro de tática do PT.
Antes, Fátima Bezerra viaja a São Paulo para participar do lançamento oficial, no dia 07, das pré-candidaturas da chapa Lula/Geraldo Alckmin a presidente e vice-presidente da República.
A respeito do fato de PC do B e PT reivindicarem a vaga de primeiro suplente de senador, Raimundo Alves disse que “ainda vai ser definido o tamanho”, o que será levado à reunião são os cabeças de chapas e o vice.
Líder do partido na Assembleia Legislativa, o deputado Francisco do PT disse que “vai defender as articulações e conversas que estão em andamento desde a vinda do presidente Lula ao Rio Grande do Norte”, no fim de agosto de 2021, ocasião em que o ex-presidente esteve com o ex-senador Garibaldi Filho e deputado Walter Alves manifestou o desejo de ter o apoio do MDB na campanha em que buscará o terceiro mandato presidencial.
“Quanto a posição do PSB sobre uma possível candidatura do deputado Rafael Motta ao Senado, considero ser legítima e tem meu respeito. Entretanto, eu nunca fui procurado sobre essa possibilidade”, disse Francisco do PT, que é integrante da corrente “Avante”, para complementar em seguida: “Sendo assim, não tenho como opinar neste momento”.
A ideia do PT é ter a chapa majoritária sacramentada no encontro de tática, a fim de que seja oficialmente lançada na vida do ex-presidente Lula a Natal na segunda quinzena de agosto, quando participaria da Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária.
“Lula deve vir ao Rio Grande do Norte duas vezes até o fim do primeiro semestre”, informou Júnior Souto, a segunda vez na caravana que vai percorrer áreas da abrangência do projeto de transposição do Rio São Francisco.
Partido Solidariedade oficializa o apoio a Lula
Na sede da Força Sindical, em São Paulo, o Solidariedade selou o apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, com lideranças do PSD e um aceno da campanha do petista ao centro. Organizado por Paulinho da Força, o evento atraiu o senador Omar Aziz (PSD) e o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PSD).
Paulinho convidou também os senadores Renan Calheiros (MDB) e David Alcolumbre (União Brasil), mas os dois não compareceram. Presente no evento, o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB), parceiro de chapa de Lula, enalteceu a carreira de Paulinho como líder sindical e disse que o encontro era “o prenúncio da vitória”.
“Paulinho, o Solidariedade nasceu da luta social para melhorar a vida do nosso povo. Aliás, o mundo do trabalho deu ao Brasil o seu maior líder popular: Luiz Inácio Lula da Silva, Lula”, disse Alckmin, repetindo uma frase que adotou em um evento recente com sindicalistas.
No Rio Grande do Norte, o Solidariedade lançou a pré-candidatura ao governo do ex-deputado Fábio Dantas que afirmou ter a intenção de votar para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, embora declare não ser um candidato do bolsonarismo. Fábio Dantas é pré-candidato em uma aliança com o ex-ministro Rogério Marinho, do PL, o mesmo partido de Bolsonaro, e em oposição à governadora Fátima Bezerra, do PT.
Aliança nacional
Ontem, na oficialização do apoio do Solidariedade ao pré-candidato a presidente do PT, Paulinho da Força sugeriu que a aliança em torno da candidatura do petista pode ser ainda maior do que a atual, com atração de lideranças de outros partidos nos Estados.
“Precisamos juntar forças. Por isso, Lula, nossa confiança que você vai reconstruir o Brasil, não só com os partidos. Se os partidos não quiserem, é possível a gente buscar lideranças em cada um dos Estados além dos partidos. Você tem que ser a representação do povo brasileiro que quer tirar o Bolsonaro. Acho que alguns que estão do seu lado acham que a eleição está ganha. A eleição não está ganha. Você vai ter uma guerra, não da direita do Brasil, da direita do mundo”, disse o líder do Solidariedade.
‘Puxão de orelha’
Pouco antes de seu discurso, Lula recebeu puxões de orelha de Paulinho, que disse que alguns no entorno do petista parecem achar que a eleição já está ganha. O presidente do Solidariedade também questionou a estratégia da campanha do petista e sugeriu que o ex-presidente evite desgastes, como a defesa da revogação da reforma trabalhista.
“Acho que temos perdido tempo com algumas coisas. Uma vaia dali, uma internacional (hino socialista) dali, reforma trabalhista. Esquece essa história de reforma trabalhista, ganha a eleição e eu resolvo com Marcelo Ramos na Câmara em dois meses. Você ganha a eleição e até abril do ano que vem nós resolvemos a situação dos trabalhadores do Brasil”, disse Paulinho.
O ex-presidente respondeu. “Eu não penso que já ganhei as eleições, porque se tem alguém nesse país que tem experiência de eleição presidencial sou eu. Mas eu posso dizer uma coisa: se prepare porque nós vamos tomar posse na Presidência da República no dia 1º de janeiro de 2022. E vamos ganhar para provar em alto e bom som: este país tem uma dívida muito grande, que não é dívida externa, que não é dívida para empresário, este país tem uma dívida que temos que assumir o compromisso de pagar, com o trabalhador”, disse.
Lula refutou a pecha de radical e disse que quer apenas cumprir as previsões constitucionais sobre política social. Elogiou José Sarney e falou de seu trabalho na Constituinte. “Nós queremos cumprir a Constituição”, disse Lula, que afirmou ainda que se cada um carregasse um exemplar da constituição “seria um revolucionário”. “Era só cumprir aquilo que já está determinado”, afirmou.
Tribuna do Norte