O evento promovido nesta quarta-feira (8) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em memória aos dois anos dos atos de 8 de Janeiro, expôs um cenário de baixa adesão e fragilidade política, com o esvaziamento tanto por parte de lideranças de outras correntes políticas quanto pela militância petista. Apesar de intensa mobilização do governo, que contou com a atuação direta de Lula, o comparecimento foi de menos de 2 mil pessoas, deixando a Esplanada dos Ministérios praticamente vazia.
A cerimônia, que teve como um de seus objetivos reforçar o compromisso com a democracia e acenar para as Forças Armadas, contou com a presença dos comandantes militares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo Alexandre de Moraes e Edson Fachin. Contudo, as ausências de figuras centrais como os presidentes do STF, Luís Roberto Barroso, do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foram notáveis, embora tenham enviado representantes.
Lula, em seu discurso, buscou minimizar as ausências e destacou a importância da união pela democracia. Ele também fez referências diretas a Alexandre de Moraes, apelidando-o de “Xandão”, e relembrou os planos golpistas revelados pela Polícia Federal que incluíam atentados contra o ministro, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), e o próprio Lula.
Apesar das declarações enfáticas e da programação que incluiu a recepção de 21 obras restauradas danificadas nos ataques de 8 de Janeiro, o evento foi marcado pelo baixo engajamento popular. As imagens da Esplanada dos Ministérios com espaços vazios e a tímida adesão de militantes do PT revelam o desafio do governo em mobilizar sua base, mesmo com esforços concentrados.
Os desafios de 2025
O esvaziamento do evento em pleno início de 2025 ilustra os desafios crescentes para o governo Lula em um ano que promete ser politicamente conturbado. A dificuldade de manter um diálogo amplo com outras correntes políticas, a pressão por resultados econômicos tangíveis e a necessidade de articular uma base sólida no Congresso se somam ao desgaste natural enfrentado após um ano de governo.
A ausência de lideranças centristas no evento também acende um alerta sobre o isolamento político que pode dificultar a construção de consensos em pautas prioritárias. Ao mesmo tempo, a desmobilização da militância petista aponta para um distanciamento entre o governo e sua base, o que pode impactar a capacidade de defender o mandato e promover agendas estratégicas.
O cenário de 2025 exige que o governo supere divisões, intensifique o diálogo com diferentes setores da sociedade e entregue resultados que consolidem sua liderança. Sem isso, eventos como o desta quarta-feira, marcados pelo esvaziamento e pela falta de engajamento, podem se tornar mais frequentes, ampliando a percepção de enfraquecimento político e dificultando o cumprimento das promessas de campanha.