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Ex-governadora Wilma de Faria recebe tributo póstuma no Senado

Marcia Maia recebeu, por sua mãe, o Diploma Bertha Lutz, honraria que reconhece luta pelos direitos das mulheres.

Wilma de Faria. Foto: Elpídio Junior/CMN

A ex-governadora do Rio Grande do Norte e ex-prefeita de Natal, Wilma de Faria, que morreu em 2017, em decorrência de um câncer, recebeu, nesta quarta-feira 23, homenagem póstuma do Senado Federal. Trata-se do Diploma Bertha Lutz, maior honraria do Senado destinada à mulheres que lutam pelos direitos femininos e pelas questões de gênero. Wilma Faria foi representada pela sua filha Márcia Faria Maia, diretora-presidente da Agência de Fomento do Rio Grande do Norte.

Márcia Maia agradeceu à senadora Zenaide Maia (Pros) pela indicação de sua mãe. “Foi uma honra muito grande para eu representar a família, e receber e receber o diploma Bertha Lutz, que homenageou mulheres de vários segmentos da sociedade e a única in memoriam foi a ex-governadora Wilma Faria, indicação da senadora Zenaide Maia. Wilma é referência até hoje para todas as mulheres e para toda sociedade norte-rio-grandense, pela sua trajetória de luta, de força, de conquista. Foi a primeira deputada federal constituinte, a primeira prefeita da nossa capital, primeira governadora do estado, e foi presidente de um partido (PSB) por mais de 20 anos”, enfatizou Márcia Faria Maia.

E acrescentou: “Wilma fez história. Ela trilhou seu próprio caminho, nunca baixou a cabeça para qualquer obstáculo. Sempre forte e perseverante. Não é à toa que ficou conhecida como guerreira. É motivo de muito orgulho e de muita alegria ter tido a oportunidade de receber este diploma. Quero destacar que foi muito bem acolhida pelas senadoras, inclusive algumas conheceram pessoalmente a ex-governadora. Também quero ressaltar que pude contar um pouco da história da nossa guerreira Wilma”.

Após dois anos sem a entrega do Diploma Bertha Lutz em razão da pandemia de Covid-19, Wilma Faria homenagem in memoriam e mais 20 mulheres recebem a premiação em sessão solene do Senado. A condecoração, que completa 20 anos, reconhece a contribuição das agraciadas em defesa dos direitos da mulher e as questões de gênero no Brasil e ainda presta homenagem à farmacêutica bioquímica, Maria da Penha.

Ao abrir a sessão solene, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), reforçou que o pioneirismo da bióloga Bertha Lutz, que empresta seu nome à honraria do Senado, no movimento sufragista brasileiro inspira mulheres até hoje. “Todas as senhoras honram a memória desta mulher, esta mulher espetacular. Pioneira em tudo, como eu disse: uma pessoa de visão, uma pessoa engajada que transbordava competência e seriedade em tudo que fazia. Que a memória de Bertha Lutz e esta singela homenagem do Senado Federal sirvam sempre de inspiração a cada uma das senhoras que a recebem neste momento, e sintam-se evidentemente todas honradas pelo Senado Federal com a outorga da comenda”, discursou Pacheco.

Vítima de violência doméstica, autora do livro Sobrevivi… posso contar e fundadora do instituto que leva seu nome, Maria da Penha recordou que recebeu o diploma em 2005 e reforçou que de lá para cá muitos avanços e conquistas em defesa e segurança da mulher foram alcançados. No entanto, a líder lançou desafio às mulheres para que possam traçar um “plano de quebra de legados” que, na sua visão, ainda persiste e é responsável por manter práticas que vulnerabilizam os processos de empoderamento feminino atualmente.

“Essa quebra de legado tem como principal objetivo o compromisso de que todas nós devemos ter com a geração de meninos e meninas com o desenvolvimento e maturidade das suas identidades cidadãs. É preciso quebrar o ciclo geracional da violência, da desigualdade de gênero, dos vários tipos de violência que cicatrizam o corpo e provoca a marca da humilhação e do constrangimento constante na vida e na alma de todas as mulheres. Às impostas limitações ao acesso aos direitos políticos em razão do modelo dominador do patriarcalismo”, declarou à Agência Senado Maria da Penha.

Foto: Reprodução

Rio Grande do Norte foi o primeiro estado a legalizar voto feminino

Como a homenagem à ex-governadora Wilma de Faria leva o nome da sufragista brasileira Bertha Lutz, a reportagem do AGORA RN não poderia deixar de lembrar que o Rio Grande do Norte foi o primeiro estado brasileiro a legalizar o voto feminino, garantindo às mulheres o direito de votar e serem votadas. A proclamação da república, em 1889, delegou aos estados relativa autonomia. Os governos estaduais poderiam editar leis que vigorassem nos seus territórios, desde que não infringissem a Constituição Federal.

A lei estadual nº 660, de 25 de outubro de 1927, autorizou a inscrição de mulheres na lista de eleitores. A professora Celina Guimarães, moradora de Mossoró (RN), foi a primeira a solicitar a inclusão do seu nome nessa lista. No ano seguinte, Alzira Soriano se tornou a primeira mulher a ser eleita prefeita de uma cidade. Ela venceu a eleição para a prefeitura de Lajes (RN) e tomou posse em 1929. Sua administração foi marcada pela construção de estradas e a melhoria na iluminação pública. Alzira Soriano foi deposta da prefeitura logo após a Revolução de 1930 por não concordar com as primeiras medidas do Governo Provisório de Getúlio Vargas.

Agora RN

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Written by MOSSORÓ NEWS

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