Igno Davi da Silva, de apenas 1 ano, faleceu na tarde desta quinta-feira (2), em Parnaíba, litoral do Piauí, com suspeita de envenenamento. Ele é a segunda vítima fatal de uma família que passou mal após consumir peixes doados em uma cesta básica. A morte foi confirmada pelo Hospital Regional Dirceu Arcoverde (Heda), onde ele estava internado.
A tragédia começou na quarta-feira (1º), quando Manoel Leandro da Silva, de 17 anos, irmão de Igno, não resistiu aos sintomas de intoxicação e morreu ainda dentro da ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Além das duas mortes, outros cinco familiares seguem hospitalizados, entre eles três crianças e dois adultos. Duas pessoas receberam alta médica.
Segundo a polícia, a família passou mal após consumir os peixes na quarta-feira, acompanhados de arroz requentado preparado anteriormente. O alimento fazia parte de uma cesta básica doada na noite de terça-feira (31) por um casal que realiza ações filantrópicas na região. A Polícia Civil recolheu os peixes para análise toxicológica e aguarda os resultados para determinar se o alimento continha substâncias tóxicas.
Histórico de tragédias na família
A dor da perda é ainda maior para a mãe de Igno, Francisca Maria da Silva, de 32 anos, que está entre os internados. Em agosto de 2024, Francisca perdeu outros dois filhos, Ulisses Gabriel e João Miguel, após os meninos ingerirem cajus contaminados com veneno. Não há confirmação de ligação entre os dois episódios, mas a repetição de tragédias na família levanta suspeitas.
Estado de saúde das vítimas
O diretor técnico do Heda, Carlos Teixeira, informou que o estado dos cinco internados é considerado estável. Entre eles está Francisca Maria, que foi intubada na manhã desta quinta-feira devido à gravidade do quadro. Os sintomas observados em todas as vítimas incluem cólicas, diarreia, tremores e dificuldades respiratórias, sinais típicos de intoxicação por substâncias químicas.
Investigação segue em andamento
O delegado Abimael Silva informou que o casal responsável pela doação foi ouvido e colaborou com as investigações. O casal afirmou que os peixes doados, cerca de 30 kg de manjuba, foram fornecidos por uma associação de pescadores, que realiza a mesma ação anualmente. Até o momento, apenas a família afetada apresentou sintomas após o consumo do alimento.
A Polícia Civil continua ouvindo testemunhas e familiares, enquanto aguarda os laudos do Instituto Médico Legal (IML). As análises vão confirmar as causas das mortes e identificar possíveis substâncias tóxicas presentes nos alimentos.
A tragédia em Parnaíba expõe a vulnerabilidade de famílias que dependem de doações e reforça a necessidade de garantir a segurança alimentar nas ações solidárias.