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Fenômeno de vendas: vem no garrafão, mas não é mineral

Explosão na venda de água salinizada e da água de chafariz tem uma explicação econômica; elas custam até 20% de algumas águas minerais do mercado.

Foto: Reprodução

Na maioria das cidades do interior do estado você vai ter três tipos de distribuidora de água: a que passou a vender o garrafão de água salinizada de R$ 2, o que reclama da água de chafariz, e o que diz que aquilo não é água mineral.

A diferença entre elas aparece no bolso: tem garrafão de 20 litros cheio por R$ 2 e tem marcas de água mineral que o mesmo garrafão custa R$ 10. As famílias querem garantir qualidade na hora de beber água ou cozinhar, mas a situação econômica do país tem feito o hábito mudar.

“Na minha casa eu consumo quatro garrafas por semana. Então não tenho muita opção senão comprar as mais baratas”, afirmou Antônia Chagas, dona de casa.

A verdade é que o preço da água mineral disparou por causa do aumento dos custos de produção. O valor sofre impacto direto da inflação, da energia elétrica, do diesel, da gasolina, do câmbio do dólar… Isso fez o custo da produção dobrar nos últimos anos, segundo o Sindicato da Indústria de Cervejas, Refrigerantes, Águas Minerais e Bebidas em Geral do Estado do Rio Grande do Norte.

Água clandestina e o Chafariz eletrônico

O contexto econômico fez surgir fornecedores que abandonaram a produção de água mineral e investiram em água salinizada sem qualquer legalidade. E tem uma inovação que começou em 2021 e se espalhou rapidamente pela região Oeste e Seridó: a água de chafariz eletrônico com autoatendimento.

Na prática, é um sistema moedeiro, funciona a partir de pulsos que liberam a água a partir de moedas de R$ 0,25, R$ 0,50 e R$ 1. Nela a pessoa leva o depósito, que pode ser um garrafão de 20 litros e coloca numa torneira, e ao depositar as moedas na parede (como ficha de orelhão) o abastecimento é automático. Normalmente, 20 litros custam R$ 2.

A solução do chafariz se espalhou por quase todas as regiões do estado.

Ainda em 2021, diante da nova modalidade, as vigilâncias sanitárias municipais e o Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte começaram uma série de fiscalizações.

“Apesar de ser um meio fácil de comercialização, a água é alimento e possui um alto risco de contaminação e transmissão de doenças, necessitando assim, de um maior cuidado no momento da captação, transporte, armazenamento e revenda. [] Nesta modalidade a água comercializada não é mineral e nem adicionada de sais, podendo ser considerada uma água bruta”, justificou a vigilância sanitária mossoroense.

Segundo Rômulo Fernandes, coordenador da Vigilância Sanitária, “é uma questão de saúde pública porque em municípios onde não houve organização e foram abertos estes pontos de negócio de forma desordenada sem procurar a vigilância sanitária foram registrados problemas. A população precisa ter a certeza que vai comprar água de boa qualidade em locais fiscalizados e regularizados”.

Água da Caern tem mais qualidade

Para o consultor técnico do Sindicato das Águas Minerais e Bebidas em Geral do RN, Daniel Lana, a questão é de saúde pública. O fenômeno potiguar do chafariz não conseguiu se firmar nos estados vizinhos por causa da forte tributação que sofreram. O modelo de chafariz só pode funcionar como SAC, uma Solução Alternativa Coletiva. Isso acontecem numa crise de abastecimento por exemplo, quando a população corre risco de ficar sem água potável.

“Não dá para garantir de onde vem aquela água. Eu posso te garantir sim a qualidade da água que chega da Caern. Eles são fiscalizados por órgãos federais, e trazem na conta testes de qualidade de água”, afirmou Daniel Lana.

O consultor ainda lembra que consumir água sem a segurança de que ela é potável é um risco a saúde pública de todos, principalmente quando o mundo experimenta a volta a normalidade após uma pandemia que durou dois anos.

Mas e aí: é ilegal?

A resposta é depende. O principal item a ser observado é se a água vendida também tem garantia de qualidade dos órgãos reguladores e de fiscalização. A água com sais adicionados no processo de envase recebe um enriquecimento de sais minerais previsto pela ANVISA e em proporções determinada por profissional habilitado de acordo com as características especificas da água em questão.

“As águas adicionadas de sais são legais e pagam tanto imposto quanto qualquer água mineral. Elas pagam impostos, são fiscalizadas constantemente, tem licenças… Para você ter uma ideia, a cada oito meses eu tenho que renovar todos os exames do pessoas que faz a produção”, afirmou Jomar Santos, empresário do ramo de distribuição de água.

O que vai garantir que você está consumindo uma boa água são os selos de fiscalização. Visualmente é fácil reconhecer a diferença no garrafão, as legalizadas têm um lacre que garante que aquele produto passou por um processo de qualidade.

“O problema é que hoje se você for num ponto de venda de água você via encontrar garrafão que não tem lacre. Quando a água tem o selo ela está legalizada. O consumidor tem que exigir o selo na água mineral e na água com adição de sais”, alertou Jomar Santos.

Pesquisa de preferência

Em janeiro de 2021, uma pesquisa realizada pelo Sindicato das Águas Minerais e Bebidas em Geral apontou que quase 65% da população potiguar prefere água mineral natural para consumo em casa. Os dados foram coletados pelo instituto de pesquisa Consult por meio de entrevistas com 1.700 pessoas de 12 regiões do estado.

Entre os entrevistados da mesma pesquisa, 41.9% declararam que o principal critério de escolha é a qualidade da água consumida, seguido de menor preço (36,9%), praticidade (19,7%) e facilidade de compra (17,8%).

TCM Notícia

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Written by MOSSORÓ NEWS

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