O governo federal investiu US$ 10,5 milhões em uma ferramenta de inteligência artificial para identificar fraudes em benefícios sociais e de aposentadoria. Desenvolvido por uma grande empresa norte-americana, o sistema está em fase de testes de segurança e será operado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A contratação foi realizada pela Dataprev, estatal vinculada ao Ministério da Gestão.
Segundo Alessandro Stefanutto, presidente do INSS, a tecnologia será implementada em duas etapas, com previsão de início ainda no primeiro semestre de 2025. “Queremos usar IA para verificar concessões de benefícios fora do padrão e bloqueá-las. Tem um potencial muito grande, se bem usada”, afirmou Stefanutto ao Poder360 em entrevista exclusiva no dia 17 de janeiro.
A ferramenta custará cerca de R$ 63,4 milhões, considerando a cotação atual do dólar. O contrato prevê o pagamento em 18 parcelas. A Dataprev destaca que a IA será capaz de cruzar dados de comportamentos e atestados, aumentando a eficiência na análise e na detecção de irregularidades.
Além da tecnologia, o INSS mobilizou 150 servidores aprovados em concurso público para o Movimento Operacional de Benefício (MOB), uma equipe dedicada ao combate a fraudes e irregularidades.
Impacto nas contas públicas
A expectativa é que a inteligência artificial contribua para o ajuste fiscal, alinhando-se aos compromissos do governo de economizar recursos públicos. O BPC (Benefício de Prestação Continuada), por exemplo, passou por uma revisão que deve gerar economia de R$ 2 bilhões em dois anos. No entanto, analistas consideram o valor modesto.
O BPC, pago a idosos de baixa renda e pessoas com deficiência, e o seguro-defeso, auxílio concedido a pescadores no período de reprodução dos peixes, são exemplos de benefícios operacionalizados pelo INSS, mas definidos por outros órgãos.
Stefanutto reforçou que a inteligência artificial será uma ferramenta estratégica para melhorar o controle das contas públicas. “Acabam ajudando a fazer as economias que se comprometem com o governo. Tem mais coisa, mas só posso revelar após a implementação”, concluiu.