O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, maior unidade pública de saúde do Rio Grande do Norte, enfrenta um cenário de caos que escancara a fragilidade do sistema estadual de saúde. Nesta terça-feira (21), os trabalhadores terceirizados da empresa JMT, responsável pelos serviços de nutrição, iniciaram uma greve devido ao atraso no pagamento dos salários de dezembro, deixando os profissionais, acompanhantes e até pacientes sem alimentação adequada.
A paralisação, embora limitada ao setor de nutrição, ameaça desencadear uma crise ainda maior. Outras categorias terceirizadas, como higienização, lavanderia, maqueiros e vigilantes, também estão com salários atrasados e podem aderir à greve a qualquer momento, agravando ainda mais o cenário já crítico.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde/RN), a crise no Walfredo Gurgel é reflexo direto da precarização promovida pela terceirização. “Não basta o governo terceirizar os serviços, ainda faz contratos com várias empresas, enfraquecendo a união dos trabalhadores. Isso resulta em atrasos salariais e condições indignas de trabalho”, criticou Rosália Fernandes, coordenadora do sindicato.
O sindicato também alerta para os riscos de um colapso no atendimento do hospital, que já opera em estado de superlotação. Em um retrato do caos, a sala de recuperação do Walfredo frequentemente abriga até 40 pacientes recém-operados simultaneamente, uma situação que beira o insustentável.
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Gestão estadual sob críticas
A governadora Fátima Bezerra (PT) tem sido alvo de duras críticas por parte do Sindsaúde e de representantes da sociedade civil. As falhas na gestão, que incluem atrasos recorrentes nos pagamentos e uma dependência excessiva de serviços terceirizados, são apontadas como principais fatores para o agravamento da crise.
Além da questão salarial, os trabalhadores denunciam o assédio moral por parte de supervisores, indicando que a crise ultrapassa os limites financeiros e afeta diretamente o ambiente de trabalho.
A continuidade da greve e a possibilidade de adesão de outras categorias representam uma ameaça iminente de “caos generalizado” na principal unidade de saúde do estado. Enquanto isso, pacientes e profissionais enfrentam uma realidade desumana e uma gestão que parece incapaz de apresentar soluções eficazes.
A saúde pública do Rio Grande do Norte pede socorro.