Os casos de gripe aviária registrados em pássaros silvestres no Brasil estão preocupando os produtores de carne de frango do país, um dos setores mais importantes do agronegócio nacional. A eventual descoberta da doença em alguma granja comercial pode, por exemplo, prejudicar as exportações do setor. Os Estados Unidos, porém, têm um modelo testado e aprovado para não interromper esse mercado.
Ao lado dos norte-americanos, os brasileiros lideram o mercado mundial de proteína de aves. O Brasil tem o maior fluxo de exportação do setor e, os Estados Unidos, aparecem na segunda posição do ranking.
Um modelo para o Brasil copiar
Nos EUA, não é uma novidade conviver com a doença. Para não interromper completamente o mercado, o país faz o controle sanitário por região: áreas consideradas seguras seguem exportando, enquanto outras com surtos ativos têm de cessar as vendas para o exterior. Dentro daquele região, porém, elas podem ser comercializadas.
Além disso, é realizada a desinfecção do local onde houve a contaminação. É feita a limpeza da área e as aves doentes e não doentes dentro da mesma criação são exterminadas para conter a circulação vírus. Animais de controle são inseridos para servirem como sentinelas — eles não podem ser destinados ao consumo humano, servem apenas para verificar se ainda existem vetores da doença no lugar.
Os resultados mostram a viabilidade do modelo. Em 2022, por exemplo, foram registrados 718 surtos da doença em criações comerciais e domésticas nos EUA. O número de aves afetadas pelo impacto se aproximou de 58 milhões. Ainda assim, a indústria local conseguiu exportar cerca de 3 milhões de toneladas de carne de frango.
Aval dos clientes
O modelo de gestão para enfrentar a gripe aviária no Norte ainda não está validado no Brasil. É uma saída possível, caso a doença chegue às granjas industriais. Porém, a interrupção ou não do fluxo de comércio, nesse caso, depende mais do aval dos compradores. Uma variável fundamental pesa a favor dos produtores nacionais: a dependência que os importadores têm do mercado brasileiro.
Maior importador de carne de frango no mundo, o Japão comprou 420 mil toneladas do produto brasileiro. Isso corresponde a cerca de 40% das compras nipônicas no mercado externo durante o período.
Humanos e a gripe aviária
A ingestão de carnes e ovos não transmite a doença para humanos. O homem adquire a gripe aviária através do contato com aves infectadas, ou com os excrementos dela. Por esse motivo, o contágio dos humanos geralmente ocorre com aqueles que lidam com as criações sem os devidos cuidados — e a contaminação é rara. Ainda assim, ela preocupa, porque metade dos doentes morre.
Revista Oeste