Erinaldo Silva
Ontem, o ex-prefeito Hulgo Costa (PSDB) e seu filho, o médico e ex-candidato a prefeito Victor Costa (PSDB), voltaram à cena política de Felipe Guerra após sua ausência desde as eleições municipais de 2020. Eles reuniram os três vereadores de oposição (Paulo Guilherme – PSDB, Marcio da Santana – Republicanos e Mazinho da Pesca – União Brasil) para expressar apoio à reeleição do deputado estadual Gustavo Carvalho (PSDB). Com isso, Hulgo e Dr. Victor mostraram que ainda estão no comando do grupo, que tem sido assediado pelo ex-prefeito Haroldo Ferreira (PSB) desde o início de 2021.
Agora de volta à cena política de Felipe Guerra em um ano eleitoral estadual e federal, o maior desafio de Hulgo e Dr. Victor é evitar que o eleitorado de oposição repita o erro político fatal de 2018, que resultou na ascensão do então vereador Ubiracy Pascoal (DEM) como vice-prefeito na chapa encabeçada pelo vice-prefeito Salomão Gomes (PL), que venceu as eleições municipais de 2020.
Explico. Em 2018, Ubiracy Pascoal adotou uma estratégia para fortalecer sua posição na política local, distanciando-se da situação e concorrendo como candidato a deputado estadual, mesmo sem chances realistas de vencer a eleição na Assembleia Legislativa. Ele buscou atrair o eleitorado de oposição no município, e teve sucesso. Ubiracy utilizou sua origem local como apelo junto aos eleitores, obtendo 1.133 votos e ficando em segundo lugar em Felipe Guerra, superando Getúlio Rêgo, candidato apoiado pelo grupo de oposição liderado por Hulgo e Dr. Victor. Naquela eleição, o erro decisivo cometido por Hulgo e Dr. Victor foi acreditar que Ubiracy estava completamente afastado do então prefeito Haroldo Ferreira e que ele poderia aceitar ser vice na chapa de oposição liderada por Dr. Victor Costa nas eleições municipais de 2020. Alguns dizem que Hulgo e Dr. Victor não apenas permitiram o avanço de Ubiracy no eleitorado da oposição, mas também, em uma rivalidade desnecessária com Max Morais, um vereador do próprio grupo que estava mais empenhado em apoiar Getúlio Rêgo, eles secretamente direcionaram apoio e votos para Ubiracy dentro da oposição. O fato é que Ubiracy foi quem mais se fortaleceu naquela eleição, passando a ser considerado a melhor opção para ser vice em qualquer uma das duas chapas. Ele acabou abandonando a oposição e se tornou vice-prefeito do atual prefeito Salomão Gomes, indicado pelo então prefeito Haroldo. Hulgo e Dr. Victor não conseguiram formar uma chapa competitiva e, com o comerciante Zezito Barra (PP) como candidato a vice de Dr. Victor, foram derrotados pela segunda vez consecutiva.
Nas eleições deste ano, o ex-prefeito Haroldo Ferreira está tentando replicar, em parte, a estratégia utilizada por Ubiracy Pascoal em 2018, ou seja, aproveitar o eleitorado de oposição para fortalecer sua posição. Haroldo não planeja concorrer, mas desde o início de 2021, ele tem se aproveitado da ausência de Hulgo e Dr. Victor na cena política local para obter apoio e votos para o deputado federal Rafael Motta (PSB), que buscará a reeleição. Essa situação coloca à prova não apenas a liderança de Hulgo e Dr. Victor na oposição, mas também suas habilidades de articulação, ao mesmo tempo em que ameaça seriamente sua sobrevivência política. Isso porque Haroldo conseguiu avançar consideravelmente apresentando-se como um “pai adotivo” para um eleitorado que, apesar de fiel, não estava entendendo a ausência de Hulgo e Dr. Victor na cena política.
Apesar das circunstâncias, há um fator significativo que favorece Hulgo e Dr. Victor nesse momento em que precisam contornar a situação: o ex-prefeito Haroldo Ferreira é o próprio responsável pelo sofrimento do eleitorado de oposição, que foi tratado com indiferença durante seus oito anos de mandato.
Resta saber se o radicalismo político será capaz de transformar as memórias de perseguição sofridas em amor pelo perseguidor.
