O presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Lawrence Amorim (Solidariedade), é a favor da construção de santuário de Santa Luzia em Mossoró. Em pronunciamento no Legislativo, hoje (7), o vereador conclamou união em torno do projeto, segundo ele, fundamental para fortalecer o turismo religioso, produzir divisas e gerar empregos.
Lawrence citou o exemplo de Santa Cruz. Com estátua de Santa Rita de Cássia, por ano, o município potiguar recebe 350 mil pessoas (nove vezes a população local). Também lembrou Juazeiro do Norte (CE), do porte de Mossoró e destino anual de 2,5 milhões turistas, com o santuário de Padre Cícero Romão Batista.
“São dois exemplos que servem para Mossoró. Nosso município, com o santuário de Santa Luzia, poderia atrair mais de 2 milhões de visitantes, após alguns anos. Isso implicaria em ao menos R$ 200 milhões anualmente injetados na economia local e cerca de dois mil empregos diretos e indiretos gerados”, projeta.
Potencial
No Brasil, o turismo religioso movimenta R$ 15 bilhões por ano em mais de 300 locais. O Santuário de Aparecida (SP) é o principal destino. Em 2022, recebeu oito milhões de turistas e movimentou R$ 1 bilhão. Em Natal, o prefeito Álvaro Dias (Republicanos), trabalha com a Diocese para viabilizar o santuário de Nossa Senhora de Fátima.
“É inegável a importância do turismo religioso para diversificar a economia dos municípios. Movimenta toda uma cadeia. Mossoró precisa de novas ferramentas para arrecadar e gerar emprego e renda, e o santuário de Santa Luzia é uma alternativa viável. O projeto foi debatido, caiu no esquecimento e Mossoró perde muito com isso”, observa.
Dinheiro há
Segundo Lawrence, a estátua de Santa Rita de Cássia, a preço de hoje, custou cerca de R$ 15 milhões. Só de emenda individual, cada senador (a) e deputado (a) potiguar pode indicar, respectivamente, R$ 59 milhões e R$ 32 milhões em emendas individuais. Sem falar nas emendas de bancada – R$ 38 milhões para cada parlamentar.
O vereador defende o apoio da bancada federal e de outros agentes. “É fundamental uma junção de forças da Diocese, Poder Executivo, Poder Legislativo, Governo do Estado, bancada federal, bancada estadual, entidades de classe e empresariais e fiéis”, frisa, ao arrematar: “Sem o santuário, Mossoró perde milhões de reais todos os anos”.
Câmara debaterá santuário em audiência pública
Consta na pauta da sessão de amanhã (8) o Requerimento 25/2023, de autoria do vereador Lawrence Amorim, que pede realização de audiência pública, na Câmara Municipal, para debater a construção do santuário de Santa Luzia em Mossoró.
O requerimento deverá ser aprovado, por unanimidade. Após isso, o Legislativo agendará a audiência pública.
A ideia, segundo o parlamentar, é ouvir Diocese de Mossoró, Poder Público e outros setores da sociedade. Com isso, obter comprometimento com a proposta e, a partir daí, encaminhar formulação do projeto, possíveis locais do santuário e outros aspectos.
Lawrence defende repensar o local inicialmente previsto, na Serra Mossoró, e estudar áreas mais estruturadas, de melhor acesso, que não demandem tanto investimento em infraestrutura. É o caso, por exemplo, de regiões próximas ao Complexo Viário da Abolição (BR-304).
Segundo ele, o turismo religioso agregará valor ao turismo de maneira geral. “O visitante do santuário pode conhecer mais a história e a cultura de Mossoró, conhecer a Costa Branca, visitar salinas, fazer turismo de aventura, em trilhas da região”, exemplifica.
Vereadores de oposição e situação apoiam proposta
O projeto do santuário de Santa Luzia uniu as bancadas na Câmara de Mossoró. Em apartes ao pronunciamento de Lawrence Amorim, parlamentares da oposição e da situação apoiaram a ideia.
A vereadora Carmem Júlia (MDB) observou que a obra atrairá fiéis não apenas na Festa de Santa Luzia, em dezembro, mas o ano todo.
Na mesma linha, seguiu o vereador Naldo Feitosa (PSC). “Quantas devotos participam da festa de Santa Luzia, em dez dias, de 3 a 13 de dezembro? Imagine quantas pessoas viriam a Mossoró nos 12 meses do ano?”, questionou.
O vereador Tony Fernandes (Solidariedade) destacou a necessidade de empenho e união da classe política para conseguir recursos. E frisou o potencial do turismo religioso: “Devotos virão e consumirão em Mossoró e na região Oeste”.
Segundo o vereador Costinha (MDB), o santuário de Santa Luzia é um sonho da comunidade católica. “E temos a oportunidade de trabalhar para realizar esse sonho”, disse.
Católicos e evangélicos unidos
Na sequência, acrescentou o vereador Paulo Igo (Solidariedade): “Apesar de evangélico, apoio a ideia, porque vai gerar mais renda para o município. Quem trafega entre Natal e Fortaleza, por exemplo, vai parar em Mossoró”, previu.
O vereador Genilson Alves (Pros) afirmou que o turismo religioso agregará valor a outros potenciais de Mossoró; e o vereador Isaac da Casca (MDB), outro evangélico, observou que o santuário fortalece a luta pela duplicação da BR-304 entre Natal e Mossoró.
Por fim, o vereador Lucas das Malhas (MDB) enalteceu o impacto econômico positivo em cidades que apostam no turismo religioso e a importância do envolvimento também do setor privado; e o vereador Professor Francisco Carlos (Avante) disse que, se houver vontade política, os recursos para viabilizar o empreendimento podem sair, com folga, ainda este ano.
“Não se justifica Mossoró não receber pelo menos 40 milhões de reais todos os anos de emendas parlamentares, se levada em consideração possuir cerca de 10% da população do Estado”, observou Francisco Carlos.