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Lula veta pensão vitalícia para crianças com microcefalia

Projeto de lei aprovado no Congresso é substituído por pagamento único de R$ 60 mil

Presidente Lula - Foto: casa.da.photo/Shutterstock.com

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou integralmente o Projeto de Lei nº 4.203/2023, de autoria do deputado Ricardo Izar (Republicanos-SP), que previa o pagamento de uma pensão vitalícia para crianças com microcefalia causada pelo vírus Zika. O projeto, aprovado por ampla maioria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, buscava oferecer suporte financeiro contínuo às famílias que enfrentam desafios extraordinários para cuidar dessas crianças, muitas vezes em situação de vulnerabilidade econômica.

A microcefalia, causada pela infecção pelo Zika vírus durante a gestação, resulta em graves limitações motoras, cognitivas e de desenvolvimento, exigindo cuidados médicos e terapias constantes. Essas demandas tornam as despesas familiares elevadas e permanentes, agravando a dificuldade de pais e responsáveis que, em muitos casos, precisam abrir mão de trabalhar para dedicar-se integralmente aos cuidados dos filhos.

Para a senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), o veto representa um duro golpe para as famílias. “É estarrecedor que, após 10 anos de luta e espera, essas famílias sejam silenciadas com uma simples canetada do presidente Lula. A pensão vitalícia não é luxo, é uma necessidade vital”, declarou a parlamentar, que tem histórico de defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

A justificativa do governo para o veto foi a ausência de uma estimativa do impacto orçamentário e financeiro da medida, argumento contestado por especialistas. O texto previa que a pensão seria custeada pela União e gerida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). No entanto, em substituição à pensão, o governo editou a Medida Provisória nº 1.256/2023, que institui o pagamento de uma indenização única de R$ 60 mil para as famílias de crianças nascidas entre 2015 e 2024 com diagnóstico comprovado de microcefalia associada ao Zika vírus.

A MP tem força de lei imediata, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias para não perder a validade. O benefício será liberado mediante a apresentação de laudos médicos que comprovem a relação entre a microcefalia e o Zika, cabendo às famílias a solicitação diretamente ao INSS.

Apesar de reconhecerem a importância da indenização, ativistas e parlamentares apontam que o valor não supre as necessidades de longo prazo das famílias. Durante a tramitação do projeto no Congresso, foram realizadas diversas audiências públicas com a participação de especialistas em saúde pública e associações de familiares, que defenderam a pensão vitalícia como medida essencial para garantir uma vida digna às crianças afetadas.

A aprovação do projeto em ambas as Casas Legislativas indicou um amplo consenso sobre a necessidade da pensão. Ainda assim, o veto presidencial reflete o embate entre as limitações orçamentárias e a necessidade de políticas públicas mais robustas para atender a essas famílias.

Enquanto o veto segue gerando debates, a epidemia de Zika entre 2015 e 2017 permanece como um dos maiores desafios sanitários recentes do país, cujos impactos ainda são sentidos por milhares de brasileiros. Para muitos, a resposta do governo não está à altura da gravidade do problema. Afinal, a pergunta que ecoa é: quem garantirá o futuro dessas crianças quando os R$ 60 mil acabarem?

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Written by Eryx Moraes

Eryx Moraes é um jornalista potiguar de destaque, nascido em 25 de março de 1985 em Felipe Guerra, RN. Com uma carreira brilhante e apaixonado pela comunicação, ele se tornou influente na região, conquistando o respeito dos mossoroenses e sendo agraciado com a cidadania mossoroense. Sua experiência inclui passagens por rádios e jornais impressos, abordando com competência temas diversos, desde política e economia até outros assuntos.

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