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NA ONDA DO CERTO

Foto: reprodução

Na onda do certo, do “politicamente correto”, o homem sai da rota da lógica real para viver num mundo de aparências, onde o sentimento sincero é substituído por mediocridades de formas ou palavras rebuscadas, cujo condão não é ser, mas parecer, sinceridade e respeito.

Mal educação é mal educação, só isso. Explico: para eu me dirigir a uma pessoa com o objetivo de cometer um crime, juridicamente somente se configura o tipo criminal se o elemento subjetivo do tipo for atingido. Assim é que, por exemplo, eu chamar alguém de “negro macaco” em uma competição esportiva qualquer, com objetivo único de ganhar uma disputa ou desviar a atenção do adversário, não tendo eu intenção alguma de desprestigiar a raça negra – até porque o contexto da situação vivida deixa transparecer a ausência de contenda que envolva desqualificação ou preconceito racista – desta forma, não há crime. No máximo, teria assim demonstrado ser mal educado, e não há nenhum tipo penal que faça essa previsão normativa

O fato aconteceu em recente partida de futebol pelo campeonato brasileiro da série A, quando um jogador acusou outro de tê-lo chamado de “negro macaco”. Naquela oportunidade o que se teve por certo foi a prisão em flagrante delito do atleta referido por acusado, que teve de pagar fiança para poder responder ao processo penal em liberdade.

Dias depois, um laudo pericial de leitura labial foi enfático ao concluir essa expressão não foi utilizada – isso se diz aqui apenas para argumentar, pois nosso objetivo não é analisar a prova do processo penal, mas unicamente refletir sobre esse tema – e outros congêneres – todos apoiados em uma famigerada ideia do “politicamente correto”. Para argumentar, também, é minha reflexão de que quem faz questão de parecer “politicamente correto” é porque, de fato, é “correto” tal qual a grande maioria dos políticos.

Enquanto a sociedade procurar viver de “mi-mi-mi” viverá uma involução, em crise moral.

O certo é que não se deve colocar o verdadeiro direito, o que verdadeiramente é certo, a reboque das firulas pessoais e políticas que uma forte parcela da sociedade, sebosamente, utilizada. É ou não é difícil não fazer uma ideia esquisita de quem usa a expressão “tod@s”, em vez de “todos”?

Ou então, quem assim procede é tão sábio que, não tendo mais nada que aprender, quer agora inventar.

Embora não seja minha intenção desqualificar os equinos, nem quero concluir o artigo dizendo “arre égua!” Pode ser que tenha algum burro que queira defender sua parceira. De qualquer forma ARRE ÉGUA!

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Armando Lúcio Ribeiro – Promotor de Justiça e Professor da UERN

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