No mundo político, o poder é um jogo complexo, capaz de moldar caráteres e revelar verdadeiras facetas das pessoas. Abraham Joshua Heschel disse certa vez: “Quer conhecer o carácter de uma pessoa? Dê-lhe poder!” Essa frase ressoa especialmente em cenários como o de Felipe Guerra-RN, onde o poder político é tão cobiçado quanto efêmero.
É comum vermos indivíduos sendo seduzidos pelo poder, apenas para enfrentarem uma dura realidade quando este prazo de validade expira. O político, outrora tão prestigiado, de repente se vê esquecido, obrigado a reconfigurar sua vida e encarar uma nova realidade sem os holofotes e as mordomias que o poder proporcionava.
O apego ao poder muitas vezes resulta em uma dolorosa abstinência quando ele se vai. Os indivíduos afetados por essa privação podem reagir de maneiras diversas, mas raramente de forma positiva, visto que seu cognitivo é afetado por essa transição abrupta.
Em minha cidade natal e em outras localidades, tenho testemunhado inúmeras vezes esse ciclo vicioso de deslumbramento e abstinência de poder. Enquanto alguns políticos exercem o poder com humildade e responsabilidade, outros sucumbem à sua falta, agindo de forma desesperada e muitas vezes desonesta para recuperá-lo.
O próximo pleito eleitoral se avizinha, e os bastidores políticos já estão em ebulição. Vemos políticos desesperados fazendo conchavos e alianças improváveis, dispostos a engolir sapos e perdoar traições passadas em busca de uma sobrevida política.
Ao analisar as movimentações políticas em minha terra natal, vejo um retrato do passado recente. Recordo-me das tensões e dos embates políticos entre 2008 e 2012, quando uma oposição fortalecida conquistou a vitória por uma margem apertada, após uma campanha marcada pelo desgaste e incertezas.
Hoje, as mesmas figuras políticas se preparam para tentar repetir o feito, porém em um contexto completamente diferente. Com uma gestão bem avaliada pela população e uma oposição desacreditada, o cenário parece favorável para os incumbentes. O desfecho parece quase certo, como numa partida de futebol entre times de séries distintas, onde a goleada iminente deixa pouco espaço para surpresas.
Assim, enquanto observo os balões de ensaio político e os jogos de poder se desenrolarem, reflito sobre a natureza volúvel do poder e suas consequências inevitáveis. No fim das contas, o poder pode até deslumbrar por um tempo, mas o grande desafio para os apegados é sobreviver à sua ausência.