Você já imaginou que um simples objeto poderia transformar uma vida em um pesadelo de hospital? Pois é, mais de 4 mil pessoas por ano são levadas ao pronto-socorro por causa de objetos “presos” no ânus. E, para quem achava que esse tipo de situação era algo raro, um caso recente ocorrido em João Pessoa, na Paraíba, ilustra de forma dramática essa realidade. Na terça-feira (14/1), um homem de 60 anos deu entrada no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena com um objeto de quase 1 metro de comprimento introduzido em seu próprio ânus. O cenário, no mínimo, constrangedor, exigiu uma cirurgia de laparotomia (abertura da cavidade abdominal) para a remoção do item. Apesar da gravidade, o paciente está estável e segue sob observação médica. Curiosamente, ele não soube dizer como o objeto foi parar ali, o que só aumenta o mistério em torno desses acidentes inusitados.
Este incidente em João Pessoa é apenas um exemplo de um fenômeno crescente que foi destacado em um estudo da The American Journal of Emergency Medicine. De acordo com a pesquisa, entre 2012 e 2021, mais de 39 mil casos foram registrados nos Estados Unidos. A maioria das ocorrências (77%) envolveu homens e, de acordo com os pesquisadores da Universidade de Rochester, a incidência de acidentes colorretais por objetos estranhos aumentou ao longo da última década. Se em 2012 a taxa era de 1,2 a cada 100.000 pessoas, em 2023 já havia subido para 1,9 no mesmo grupo populacional.
Casos como o de João Pessoa, que exigem a retirada do objeto de maneira segura, são relativamente comuns, mas não são os únicos que chamam atenção. Em 2022, um idoso francês de 88 anos também causou um grande alvoroço ao chegar ao hospital com uma munição explosiva da Segunda Guerra Mundial de 20 centímetros introduzida no reto. Alegando que o fez por prazer, ele foi imediatamente atendido por uma equipe médica que, além de garantir sua saúde, teve que chamar a polícia e o esquadrão anti-bomba para garantir a segurança durante o procedimento.
Esses acidentes, muitas vezes desconfortáveis e imprevisíveis, têm se tornado um desafio crescente para os serviços de saúde. A necessidade de uma abordagem multidisciplinar para a remoção segura dos objetos, muitas vezes envolvendo cirurgias complexas, tem gerado um aumento na demanda por cuidados especializados. A situação é, sem dúvida, uma preocupação médica, mas também um reflexo curioso e preocupante dos tempos atuais.