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OPINIÃO | Allyson lidera nas pesquisas, mas caminha só

Prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil) - Foto: Reprodução

É fato: o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), lidera com folga todas as pesquisas de intenção de voto para o Governo do Estado. O jovem gestor mossoroense aparece, hoje, como o nome com maior capital eleitoral espontâneo, especialmente no interior. Mas também é fato — e não dá mais para ignorar — o seu progressivo isolamento político e administrativo, cenário que lança sombras densas sobre seu futuro, inclusive antes mesmo da largada oficial rumo a 2026.

Do ponto de vista político, Allyson parece ter escolhido o caminho mais solitário possível. Rompeu com importantes aliados da direita potiguar, a começar pelo senador Rogério Marinho (PL), pré-candidato ao Governo do RN e uma das figuras mais influentes no campo conservador do Estado. A ingratidão política é ainda mais nítida se lembrarmos que foi Marinho, enquanto ministro do Desenvolvimento Regional no governo Bolsonaro, quem abriu portas cruciais para a gestão Allyson em Brasília — viabilizando recursos, obras e visibilidade em escala nacional.

Outra ponte que se partiu foi com o senador Styvenson Valentim (PSDB), figura de capital político valioso no RN, que poderia representar um reforço decisivo no palanque de Allyson. Mas a relação azedou. E, na prática, o prefeito mossoroense passou a contar, na direita, apenas com o ex-governador José Agripino Maia, líder do União Brasil no Estado. Ainda assim, enfrenta resistências internas, como a do prefeito de Natal, Paulinho Freire, que demonstra preferência aberta por Rogério Marinho para a disputa estadual.

Na esquerda, há quem tente alimentar o devaneio de uma improvável aliança com a governadora Fátima Bezerra (PT). Mas basta acompanhar o tom dos ataques recentes para perceber que é desse campo ideológico que vêm os bombardeios mais agressivos contra a imagem de Allyson. A cada nova crise em Mossoró, multiplicam-se as vozes do PT e satélites em busca de enfraquecê-lo. E o mais preocupante: ele tem apanhado praticamente sozinho, sem qualquer reação coordenada de uma classe política estadual que prefere assistir de camarote a um desgaste crescente.

Hoje, os poucos nomes que orbitam ao lado de Allyson têm pouca ou nenhuma densidade política. A senadora Zenaide Maia (PSD), por exemplo, até aparece eventualmente ao lado do prefeito, mas não representa peso suficiente para consolidar um projeto majoritário estadual.

No campo administrativo, os sinais também são preocupantes. A gestão que já foi elogiada pelo ritmo intenso e pela capacidade de entregar resultados perdeu fôlego. Crises se acumulam, especialmente na saúde pública, enquanto o Palácio da Resistência já não inspira a mesma confiança — nem em Mossoró, nem fora dela. As portas em Brasília se fecharam. Já não há mais ministros dispostos a caminhar com Allyson nos corredores do poder como fazia Rogério Marinho. A conexão com o Planalto se perdeu, e o respaldo institucional que antes viabilizava milhões em recursos secou.

No aspecto jurídico, paira uma ameaça silenciosa, mas potencialmente devastadora: o caso Erinaldo. A investigação agora tramita no âmbito federal, sob o crivo do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), fora do alcance político do prefeito. A depender de como se desenrole, poderá ser um flanco frágil para uma eventual candidatura ao Governo do Estado, especialmente num cenário de disputa acirrada.

No fim das contas, Allyson parece ter perdido o controle da narrativa. Não pauta mais o debate político. Não dita mais os rumos da discussão pública. Seu maior trunfo — a liderança nas pesquisas — se revela, aos poucos, insuficiente para sustentar um projeto de envergadura estadual. A popularidade existe, mas sem rede de proteção, sem sustentação partidária robusta, sem alianças estratégicas — e com o cerco se apertando.

É gente demais puxando o tapete de Allyson Bezerra. E esse clima de tensão e incertezas é tão perceptível que nem a empolgação contagiante do Mossoró Cidade Junina consegue mascarar.

Ele ainda lidera. Mas, politicamente, está cada vez mais só.

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Postado por Eryx Moraes

Eryx Moraes é um jornalista potiguar de destaque, nascido em 25 de março de 1985 em Felipe Guerra, RN. Com uma carreira brilhante e apaixonado pela comunicação, ele se tornou influente na região, conquistando o respeito dos mossoroenses e sendo agraciado com a cidadania mossoroense. Sua experiência inclui passagens por rádios e jornais impressos, abordando com competência temas diversos, desde política e economia até outros assuntos.

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