Uma nova pesquisa realizada pela Quaest, a pedido do jornal “O Globo” e divulgada neste domingo (16), aponta uma mudança significativa na forma como os brasileiros encaram o trabalho e a educação superior. Diante da alta nos preços dos produtos básicos de consumo, a prioridade tem sido garantir um emprego, independentemente da área de atuação, em detrimento da busca por um diploma universitário.
O levantamento indica que, entre os entrevistados de classe baixa, 84% consideram que o mais importante é ter um trabalho que permita pagar as contas, enquanto essa opinião é compartilhada por 77% da classe média e 71% da classe alta. Embora o diploma ainda seja valorizado, sua percepção de necessidade vem diminuindo entre todas as classes sociais.
Quando questionados sobre a importância do diploma universitário, 58% dos entrevistados da classe baixa afirmaram que a graduação continua sendo relevante. Esse percentual cai para 52% entre os membros das classes média e alta. Esse movimento pode indicar uma mudança na visão de emprego, impulsionada pelo crescimento do empreendedorismo e pela Geração Z, que explora novas formas de trabalho além das carreiras acadêmicas tradicionais.
A pesquisa, realizada ao longo do ano passado, ouviu 2 mil pessoas e utilizou o Critério Brasil 2024 para classificação dos grupos em classes sociais. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Bancarização e endividamento
Outro dado relevante revelado pelo estudo é que a maioria dos brasileiros, independentemente da classe social, está bancarizada. Entre os entrevistados da classe baixa, 68% possuem conta em banco, e 65% já utilizam o Pix. Além disso, a maioria dos entrevistados afirmou ter poucas dívidas, embora 25% da classe baixa admitam estar muito endividados, percentual que cai para 22% na classe média e 20% na classe alta.
Moradia e propriedade de imóveis
A pesquisa também trouxe informações sobre a situação habitacional dos brasileiros. Entre os entrevistados da classe baixa, 56% afirmaram morar em imóveis próprios e 29% em residências alugadas. Na classe média, esse percentual sobe para 59% de proprietários de imóveis quitados, enquanto na classe alta o índice é de 58%.
Percepção sobre o Estado e privatizações
O estudo também analisou a opinião dos brasileiros sobre a administração de empresas estatais. Entre os entrevistados da classe baixa, 58% acreditam que instituições como Correios, Caixa Econômica Federal e Petrobras devem permanecer sob administração do governo. Esse percentual cai para 54% entre a classe média e 53% entre a classe alta.
Principais desejos e preocupações dos brasileiros
A pesquisa também revelou os maiores anseios e preocupações dos brasileiros. Em todas as classes sociais, a saúde foi apontada como o principal desejo, seguida pela felicidade ao lado da família e amigos. O sonho da casa própria ficou em terceiro lugar.
No que se refere às principais preocupações, a violência e a criminalidade lideram a lista em todas as classes. Entre os entrevistados da classe baixa, a segunda maior preocupação é a fome e a miséria, enquanto as classes média e alta destacaram a corrupção como um dos maiores temores.
A corrupção também aparece como a principal desvantagem de morar no Brasil para 21% dos entrevistados da classe alta. Já entre a classe média e a classe baixa, a maior desvantagem está relacionada aos problemas de segurança pública.
A pesquisa da Quaest apresenta um panorama abrangente sobre as mudanças na visão dos brasileiros em relação ao trabalho, educação, economia e qualidade de vida, refletindo as novas realidades e desafios enfrentados pela população.