A Polícia Federal (PF) estima que cerca de 30 mil cidadãos brasileiros foram alvo de monitoramento ilegal pela Agência Brasileira de Informações (Abin) durante o governo Jair Bolsonaro. O diretor-geral da PF, Andrei Passos, anunciou as buscas realizadas nesta quinta-feira contra o ex-diretor-geral da Abin, deputado federal Alexandre Ramagem (PL), e outros servidores da agência suspeitos de envolvimento com a espionagem.
Ramagem, que é conhecido por sua proximidade com a família Bolsonaro, não se manifestou até o momento.
A investigação revela que o monitoramento era executado por meio do software israelense FirstMile, o que implicava no armazenamento dos dados fora do país, em nuvens em Israel. Em entrevista ao Estúdio i, da Globonews, em 4 de janeiro, o chefe da PF afirmou que o monitoramento clandestino envolveu, em sua maioria, pessoas de posição contrária ao governo anterior, incluindo juízes, políticos, professores, jornalistas e sindicalistas.
A ferramenta israelense permitia a invasão de celulares, utilizando dados de GPS para monitorar não apenas a movimentação, mas também identificar encontros entre as pessoas monitoradas. Andrei Passos destacou que essa prática vai além do monitoramento de antenas de celular, sendo uma invasão direta aos aparelhos.
“A obtenção dos dados era feita por meio da invasão de aparelhos celulares. Ela [a ferramenta] permite o rastreio mediante a invasão dos aparelhos. Não é apenas monitoramento de antena. Portanto, isso traz uma série de consequências”, alertou o diretor-geral da PF.
A operação da PF busca esclarecer as circunstâncias e responsabilidades relacionadas a essas práticas de monitoramento ilegal, gerando repercussões políticas e legais significativas.