Mesmo com a projeção de safra recorde de grãos e clima favorável, alimentos como café e carnes devem pesar no bolso do consumidor em 2025. Economistas apontam que esses itens liderarão a inflação alimentar, com altas que podem chegar a 20%, especialmente devido à baixa oferta no mercado internacional e ao impacto do ciclo da pecuária.
Luis Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners, prevê que, enquanto a inflação média dos alimentos deve ficar em 5%, a carne bovina terá alta de 7,5%, e o café pode disparar 20%. Segundo ele, a dinâmica reflete a escassez de oferta e a desvalorização do real frente ao dólar:
— É uma situação em que os preços internos seguem pressionados pelos custos internacionais.
Alexandre Maluf, economista da XP, projeta um cenário ainda mais desafiador, com a inflação dos alimentos e bebidas podendo atingir 9,2%. Ele também aponta as proteínas como grandes responsáveis pela alta:
— A inversão do ciclo da pecuária faz parte do setor, e, a curto prazo, não há políticas eficazes para conter o aumento.
O preço do café arábica, por sua vez, já acumula alta significativa. Dados do Cepea mostram que a saca de 60kg alcançou R$ 2.387,85, um aumento de 132% em relação ao ano passado. Essa escalada, segundo especialistas, reflete a oferta limitada globalmente.
Heron do Carmo, professor da USP, avalia que, apesar dos desafios, o cenário é mais favorável do que o de 2024. Ele atribui isso à menor desvalorização cambial e à produção recorde no Brasil, estimada em 322,3 milhões de toneladas, um aumento de 8,2% sobre o ciclo anterior.
Para aliviar a pressão sobre os preços, especialistas defendem medidas como estoques reguladores e fortalecimento da agricultura familiar. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, planos safra e redução de juros do crédito rural já estão em andamento, com foco em alimentos essenciais como batata, feijão, arroz e leite.
Embora o governo tente conter os impactos, a alta das proteínas e do café parece inevitável. Os consumidores devem preparar o bolso, pois, mesmo com avanços na produção, os reflexos da inflação global e da dinâmica interna continuarão a pesar no orçamento das famílias brasileiras.