
Nessa quarta-feira (26), foi marcado um momento histórico para o povo indígena do Rio Grande do Norte, com a inauguração do primeiro museu indígena do estado, localizado na cidade de Apodi. O espaço, dedicado à memória e cultura dos Tapuia Paiacu, presta uma significativa homenagem à líder indígena Luiza Cantofa.

Lúcia Paiacu Tabajara, uma das principais articuladoras do projeto, expressou sua emoção durante a cerimônia de inauguração. Para ela, o museu representa uma reparação histórica para o povo indígena da região, cuja história foi, por muito tempo, esquecida e marginalizada. “Uma história de um povo que falaram que havia sido dizimado, que não existia mais, vamos deixar de lado o apelido de índio, as famílias Paiacus são milenares, nunca deixaram de existir. Eles foram obrigados a se calar”, enfatizou Lúcia.
Ela também ressaltou que por mais de 190 anos, foi propagado o mito de que não existiam mais descendentes da família. “Falavam que a líder Luiza Cantofa era uma bruxa e foi assassinada em 1825, e com todo o orgulho, faço esse trabalho em nome dessa mulher”, declarou Lúcia com determinação.

A iniciativa do Museu do Índio foi recebida com apoio e reconhecimento por parte da comunidade local. Ari Oliveira, estudante e morador da região, destacou o esforço e a dedicação de Lúcia na luta pela concretização do museu e pelos interesses da aldeia. “Há anos eu venho acompanhando a luta dela em prol do Museu e também da nossa aldeia. Ela provocou uma audiência pública na Câmara dos Vereadores sobre os dois assuntos”, compartilhou Ari.
O Museu do Índio, que se apresenta como um espaço de conhecimento e valorização da cultura indígena, está aberto para visitantes de todo o país. Sua localização no Sítio Missão I, zona rural de Apodi, proporciona um ambiente propício para a conexão com a ancestralidade dos Tapuia Paiacu e a história de resistência desse povo.
