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As prisões por corrupção realizadas pela Polícia Federal (PF) caíram 78% nos últimos seis anos, conforme dados oficiais obtidos pelo Metrópoles. O número de mandados de prisão expedidos pela Justiça e cumpridos pela PF reduziu-se de 607, em 2019, para apenas 136 em 2024.
O declínio acontece em meio ao desmonte da Operação Lava Jato e à revisão de procedimentos criminais pelo Judiciário e pelo Congresso Nacional. Em 2020, as detenções já haviam caído para 350. O menor número do período ocorreu em 2022, com 94 prisões por corrupção e crimes financeiros.
A diferença também é notável entre gestões presidenciais. Nos dois primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro (PL), a PF realizou 957 prisões por corrupção, enquanto na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foram apenas 281 detenções no mesmo período.
Segundo especialistas e fontes da PF, a mudança na abordagem repressiva é resultado de novas regras que restringiram a decretação de prisões preventivas e temporárias. Em 2020, por exemplo, apenas a Operação S.O.S, que investigou desvios na saúde do Pará, prendeu 73 pessoas. Já em 2024, a maior operação anticorrupção, a Overclean, resultou na detenção de apenas 16 suspeitos, incluindo Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”. A investigação tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sob relatoria do ministro Kassio Nunes Marques, envolvendo também o deputado Elmar Nascimento (União-BA).
Enquanto as prisões por corrupção diminuem, a repressão ao tráfico de drogas pela Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor) cresceu. Em 2019, 836 pessoas foram presas por tráfico, enquanto em 2024 o número saltou para 1.572, um aumento de 88%.