O Partido dos Trabalhadores (PT) passou a considerar com mais seriedade a possibilidade de enfrentar uma situação desafiadora nas eleições de 2026, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levantar a hipótese de não disputar a reeleição. A declaração, feita durante uma reunião recente, acendeu um alerta entre os petistas, que até então consideravam Lula como o “plano A, B e C” da legenda, segundo o secretário de comunicação do partido, Jilmar Tatto.
A apreensão no PT ganhou força após o acidente sofrido por Lula no final de 2023, que reforçou preocupações sobre sua saúde e disposição para enfrentar uma nova campanha presidencial. O líder petista, considerado o maior nome da esquerda brasileira, sempre foi visto como peça central para a estratégia eleitoral do partido, e sua ausência cria um vazio difícil de preencher.
Alternativas limitadas
O cenário é agravado pela falta de nomes consolidados no campo progressista para uma eventual sucessão. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, já declarou que não pretende concorrer ao Planalto, enquanto o deputado Guilherme Boulos (PSol) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), também descartaram essa possibilidade. Campos, inclusive, sequer tem idade para disputar a Presidência em 2026.
Outras figuras, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, enfrentariam resistência devido ao perfil ideológico, o que dificultaria a construção de uma aliança ampla. Por sua vez, Eduardo Paes (PSD), prefeito do Rio de Janeiro e ex-aliado de Lula, tende a priorizar sua reeleição na capital fluminense, onde lidera as pesquisas.
Estratégia ou realidade?
Dentro do Palácio do Planalto, a declaração de Lula também é vista como um movimento estratégico. Para assessores próximos, o presidente buscou pressionar sua equipe a ganhar maior autonomia na condução do governo, visando evitar um cenário em que sua gestão dependa exclusivamente de sua liderança.
Ainda assim, a fala de Lula gerou incertezas no partido e expôs a necessidade de o PT discutir alternativas para 2026. Apesar de ser uma força política consolidada, o partido enfrenta o desafio de construir lideranças capazes de sustentar sua hegemonia sem o carisma e a trajetória do ex-presidente.
O desenrolar dessa situação promete movimentar os bastidores da política brasileira, colocando em evidência os rumos da esquerda no país e os desafios para manter a união em um cenário de incertezas.