
Neste início de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta uma queda histórica em sua popularidade, marcando um contraste profundo com o status que desfrutava no começo de seu terceiro mandato. Segundo uma pesquisa nacional recente realizada pelo instituto Paraná Pesquisas, a avaliação positiva de Lula caiu cinco pontos percentuais no início de janeiro, em comparação com o mês de dezembro anterior. No entanto, o cenário não se resume a uma mera redução numérica – ele revela problemas muito mais profundos para a presidência.
A perda de apoio: uma mudança dramática
A pesquisa revelou um dado alarmante: os cinco pontos perdidos na avaliação positiva de Lula não se deslocaram para a margem de indecisos ou para aqueles que avaliam o governo de forma regular. Ao contrário, essa perda foi diretamente transferida para a avaliação negativa, fazendo surgir um saldo histórico de dez pontos negativos. Em outras palavras, o presidente entrou no ano de 2025 com mais brasileiros considerando seu governo ruim ou péssimo do que aqueles que o avaliam positivamente, uma virada que reflete a perda de popularidade mais profunda de Lula desde que retornou ao Palácio do Planalto.
Em comparação com o passado recente, a situação é ainda mais crítica. Em 2005, durante o auge do mensalão, Lula teve uma queda de popularidade, mas ela não ultrapassou a margem de erro das pesquisas. Agora, a diferença entre as avaliações positiva e negativa é clara e inquestionável, marcando um ponto negativo nunca antes registrado no período de suas administrações.
O impacto no coração do lulismo
A pesquisa também trouxe à tona uma das notícias mais dolorosas para Lula: a queda de popularidade afetou especialmente seus tradicionais redutos eleitorais. Segmentos da população que desempenharam um papel crucial na sua vitória de 2022, como os mais pobres, os menos escolarizados e os moradores do Nordeste, foram os mais afetados pela sua recente queda de apoio. Esses grupos eram vistos como os pilares da base do presidente, e sua perda de confiança representa um alerta vermelho para o governo.
A perda de apoio em segmentos chave da população, especialmente entre aqueles que historicamente o ajudaram a derrotar Jair Bolsonaro nas urnas, é uma questão grave. Essa base de apoio estava considerada uma fortaleza inquebrável para o presidente, mas as rachaduras nas muralhas agora são evidentes, e a preocupação sobre a sustentação política de Lula se intensifica.
O fenômeno das fake news e a reação do governo
O que causou essa rápida perda de confiança? Um dos fatores mais significativos foi a disseminação de fake news sobre a taxação do Pix, um sistema de pagamento amplamente utilizado por trabalhadores informais no Brasil. A informação falsa, que sugeria que o governo estava tentando taxar transações feitas via Pix por pessoas informais, gerou uma repercussão massiva nas redes sociais, especialmente no Instagram e no WhatsApp. O vídeo enganoso de um deputado federal ganhou uma visibilidade impressionante, fazendo com que uma grande parte da população acreditasse que o governo estava em busca de tributar os trabalhadores informais, como ambulantes, motoristas de aplicativo e entregadores.
Essa reação negativa foi especialmente sentida entre os trabalhadores informais, que, ao serem confrontados com a ideia de que poderiam ser alvos de uma nova taxação, passaram a questionar a postura do governo. A pesquisa mostrou que esses segmentos, que incluem grande parte da população pobre e com menor escolaridade, foram os mais impactados pela queda na popularidade de Lula.
O desafio para o presidente
A situação de Lula em 2025 é preocupante, principalmente por causa da mudança nas suas bases tradicionais de apoio. Perder a confiança dos setores que sustentaram sua vitória eleitoral em 2022 é uma ameaça real ao seu poder político. O governo precisará de uma estratégia sólida e eficaz para reconquistar o apoio dessa população e dissipar os temores gerados pelas fake news. Enquanto isso, o governo de Lula começa o novo ano com um saldo negativo, e o alarme soa para o presidente, que enfrenta uma série de desafios em um cenário político cada vez mais complexo.