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Queda na safra de melão pode minar 2 mil empregos em todo o RN, diz Abrafrutas

Número corresponde a 10% do total de empregos que a produção da fruta gera em todo o Rio Grande do Norte. Próxima safra, que começa em agosto, tem queda estimada em 20% por associação.

Safra 20% menor põe em risco 2 mil empregos no RN, 10% do total de vagas diretas geradas pelo setor/Créditos: Reprodução

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), o Rio Grande do Norte é o maior exportador de melão do Brasil, graças à produção na Chapada do Apodi, Oeste do Estado, próximo ao Ceará. Atualmente, o setor gera cerca de 20 mil empregos diretos no RN. No entanto, efeitos adversos à cadeia produtiva da fruta podem custar cerca de duas mil vagas, ou seja, 10% de todos os funcionários. Isso porque, segundo a Associação, a próxima safra – com previsão para começar no fim de agosto – tem queda estimada de 20%.

Conforme Luiz Roberto Barcelos, diretor Institucional da Abrafrutas, são ao menos três fatores que influenciam no resultado da safra. A demanda, que quanto maior for, mais o preço da fruta será elevado; a produtividade, uma vez que quanto mais toneladas por hectare forem produzidas, menor o custo de produção; e o câmbio, cuja oscilação afeta a rentabilidade dos produtores. “Este é um fator externo que não tem como controlar. Não depende de nós produtores”, observou.

Entre outros fatores externos que encarecem a produção de melão no estado, estão o conflito entre Rússia e Ucrânia – já que boa parte de fertilizantes, utilizados na plantação, são comprados da Rússia. Um balanço da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) aponta que 85% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira vêm do exterior – no ano passado, 23,3% de adubos ou fertilizantes químicos vieram do mercado russo, segundo estatísticas do Comex Stat, do Ministério da Economia.

Barcelos também entrou em detalhes a respeito de como a desvalorização do Euro tem afetado a produção da fruta – o velho continente é um dos principais destinos das safras produzidas em solo potiguar. Nesta semana, a moeda europeia alcançou a paridade com o dólar pela primeira vez desde 2002, ano que entrou em circulação. “Estamos recebendo menos pela nossa fruta. Com o aumento de custo de produção, agrava ainda mais [a situação]”, esclarece.

No que diz respeito às exportações, ainda existem mais questões que também impactam os produtores, como a logística. O diretor da Abrafrutas apontou que esta é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos produtores de frutas no Brasil. “Está muito difícil. Cada vez menos navios, e eles estão cobrando o frete muito mais caro. Triplicou nos últimos anos e o serviço piorou muito. O navio chega atrasado, muitas vezes pula nosso porto de origem e acaba não levando a fruta. A logística é o maior problema. Também causado pela questão da guerra mas, principalmente, pela pandemia que tem dado acúmulo nas operações portuárias no mundo inteiro. Então isso acaba atrasando bastante o fluxo dos navios”, esclareceu.

Mesmo assim, há outro fator que pode influenciar diretamente nos cultivos: o clima. E que no Rio Grande do Norte anda bastante chuvoso. Um levantamento da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) apontou que nos 11 primeiros dias de julho, 130 municípios do estado já atingiram o volume de chuva esperado para todo o sétimo mês deste ano. “Tivemos chuvas prolongadas e muito volumosas que também tem atrapalhado o preparo de solo e afetado as primeiras semanas de plantio”, explicou o diretor.

Conforme explicado por Luiz Roberto, o resultado é prejudicial ao volume final da produção de melão. “Menos produção significa menos geração de renda, menos empregos. Como a região produz algo em torno de 12 a 14 mil hectares, estamos falando de quase dois mil hectares a menos, quase dois mil empregos a menos. Este é o impacto que podemos ter por conta dessa diminuição [na safra] que certamente haverá”, projetou.

No entanto, os efeitos da cadeia produtiva devem se estender aos demais brasileiros, que na hora das compras vão notar o preço mais alto no supermercado, que já está acima da média. “Menos frutas, então a produção é mais cara. Essa fruta muitas vezes é consumida no sul ou sudeste, então tem a viagem mais longa e isso acaba encarecendo, sim. Hoje o preço está mais alto que no ano passado. Acaba gerando inflação, reduz o consumo porque fica mais caro. E o preço do melão pode encarecer até 30% no mercado interno, isso depende muito da safra que vai começar a partir de agosto, qual o volume que vamos ofertar. Se ofertar muito volume, acaba caindo. Mas no momento está 30% acima da média normal”, finaliza.

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Postado por MOSSORÓ NEWS

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