As promessas de uma política ambiental exemplar pelo governo Lula, sob a liderança da ministra Marina Silva, esbarraram na dura realidade de 2024: um aumento de 79% na área devastada por queimadas em comparação a 2023, segundo o Monitor do Fogo, do MapBiomas. O ano registrou 30.867.676 hectares queimados – uma área maior que todo o território da Itália –, tornando-se o pior desde 2019, quando a série histórica foi iniciada.
Dos mais de 30 milhões de hectares destruídos, impressionantes 73% eram de vegetação nativa, incluindo 25% de formações florestais. A Amazônia, bioma estratégico para o equilíbrio climático global, liderou o triste ranking com 17,9 milhões de hectares incendiados, seguida pelo Cerrado (9,7 milhões) e outros biomas que enfrentaram perdas significativas.
A diretora de Ciências do Ipam e coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, destacou o caráter alarmante do cenário:
“O ano de 2024 destacou-se como um período atípico e alarmante do fogo no Brasil, com um aumento expressivo na área queimada em quase todos os biomas.”
O Estado do Pará, que se prepara para sediar a COP30, foi o mais afetado, com 7,3 milhões de hectares queimados, representando 24% do total nacional. Mato Grosso (6,8 milhões) e Tocantins (2,7 milhões) também figuram entre os Estados mais devastados.
A crítica à gestão ambiental de Jair Bolsonaro, amplamente explorada pelo atual governo, parece agora um bumerangue, retornando com força. A ministra Marina Silva, antes símbolo de esperança para a recuperação ambiental, enfrenta questionamentos intensos: como um governo que prometeu ser o guardião das florestas permitiu que as queimadas atingissem níveis históricos?
Especialistas apontam que o fogo na Amazônia, diferentemente de outros biomas, não é um fenômeno natural, mas o reflexo de ações humanas, como afirmou Felipe Martenexen, do MapBiomas Fogo:
“O fogo na Amazônia não faz parte de sua dinâmica ecológica; é um elemento introduzido por ações humanas.”
Com dados contundentes e desafios ambientais crescentes, o governo Lula e a ministra Marina Silva terão que lidar com uma nova onda de críticas e cobranças, não apenas da oposição, mas também de setores que esperavam uma condução exemplar em defesa do meio ambiente. A proximidade da COP30 no Pará torna o episódio ainda mais emblemático e exigirá respostas concretas que, até agora, não foram apresentadas.