O soldado israelense Yuval Vagdani, acusado pela Fundação Hind Rajab (HRF) de crimes de guerra na Faixa de Gaza, se pronunciou publicamente após deixar o Brasil. Ele foi alvo de um pedido de investigação da Justiça brasileira, o que desencadeou tensões diplomáticas com Israel. Em entrevista à emissora israelense Kan, Vagdani afirmou ter sido surpreendido pela iniciativa brasileira. “Acordei de manhã, abri o telefone e de repente vi oito chamadas”, relatou, referindo-se aos contatos urgentes da embaixada de Israel e de familiares.
Após deixar o território brasileiro no último sábado (4), ele buscou abrigo na Argentina antes de retornar a Israel. No Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, Vagdani declarou: “Não voltarei ao Brasil novamente”.
O caso tem gerado repercussões sobre a postura do Brasil em sua política externa. Ao solicitar à Polícia Federal a investigação contra Vagdani, acusado de participação na destruição de um bairro na Faixa de Gaza, o país assumiu uma posição considerada arriscada em relação às suas relações diplomáticas com Israel. A acusação aponta que a destruição teria ocorrido fora de situação de combate, causando danos indiscriminados à população civil.
Apesar do pedido judicial, a Polícia Federal optou por não abrir inquérito, solicitando a reconsideração da decisão. O episódio expõe não apenas as tensões entre o Brasil e Israel, mas também o impacto de iniciativas judiciais em contextos internacionais sensíveis.
Especialistas avaliam que a ação brasileira, mesmo respaldada por entidades de direitos humanos, pode prejudicar as relações diplomáticas com Israel, um dos principais parceiros estratégicos do país no Oriente Médio.