Algumas pesquisas divulgadas no RN sobre a campanha ao governo do Estado trazem o candidato de oposição ao Governo, Fábio Dantas, já num patamar entre 10 e 15% das intenções de votos. Alguns dizem que é uma boa performance, outros acham que deveria estar melhor já que neste momento ele é o único nome da oposição. Existem dois modos de olhar e interpretar estes números, faltando apenas pouco mais de um mês para o início das convenções partidárias.
CADA VEZ MAIS FÁBIO É O NOME QUE SIMBOLIZA A OPOSIÇÃO
Ter entrado rapidamente na casa dos dois dígitos nas pesquisas não deixa de ser um fato positivo para as pretensões de Fábio Dantas. Se de um lado não representa um impacto ou uma reviravolta tão grande no quadro eleitoral como alguns desejariam, mas por outro lado mostra que aos poucos ele vai vencendo a barreira do desconhecimento e vai agregando em torno da sua postulação as forças oposicionistas que começaram torcendo o nariz para a candidatura, mas passam a enxergá-la agora como a única opção para os que querem derrotar Fátima Bezerra.
O IMPACTO INICIAL PODERIA SER MAIOR
Por outro lado, há um aspecto que pode trazer alguma preocupação para o marketing que está sendo montado em torno do ex-vice-governador. Considerando que Fátima detém hoje intenções de votos em torno de um terço do eleitorado e, por conseguinte, existem dois terços com a mente aberta para novas opções, a performance inicial de Fábio revela que de certa forma ele não conseguiu corresponder de pronto a expectativa dos que dizem não votar em Fátima. Bom, pode-se alegar que boa parte destes dois terços ainda não conhece ou conhece pouco Fábio Dantas. Verdade, pode ser dito isso. Assim como pode ser dito que o impacto inicial foi aquém esperado, haja visto que num universo de dois terços, uma fatia pequena embarcou de imediato na opção apresentada.
CHANCE DE SUPERAR O FATOR DESCONHECIMENTO
É evidente que esse é um quadro de momento, ainda teremos a campanha propriamente dita e a propaganda eleitoral. Sei que Fábio está percorrendo o Estado, tentando vencer seu maior obstáculo de momento que é o desconhecimento de sua candidatura. O que sei é que em algum momento o eleitor vai olhar para Fábio Dantas e se perguntar se ele merece a oportunidade ou não. Agora, se Fábio vai conseguir convencer o eleitor que integra esses dois terços que é realmente está preparado, que tem propostas boas para solucionar os problemas e que o eleitor pode confiar nele, bom, isso, vai ser uma outra história. Um filme que ainda vamos assistir.
O DOMICÍLIO DE SÉRGIO MORO
A justiça eleitoral entendeu que o ex-ministro Sérgio Moro, do União Brasil, não conseguiu comprovar sua residência em São Paulo para justificar a mudança do seu domicílio eleitoral do Paraná para a capital paulista. Moro apresentou como comprovante de residência um contrato de locação, com menos de três meses como exige a lei e justificou sua moradia anterior num endereço onde funciona um hotel. Sem comprovar domicílio, Moro não pode ser candidato por São Paulo. Fica valendo seu domicílio anterior, o Paraná, sendo assim o ex-ministro caso deseje pode ser candidato apenas naquele Estado.
MORO TENTOU DAR UM DRIBLE NA LEI
Essa informação acima é o fato em si. Mas, há nos bastidores uma série de pormenores que estão por trás da notícia. De fato, todos sabem que Moro nunca morou em São Paulo e que mudou o domicílio eleitoral apenas com intuito de se candidatar. Assim como todos sabem que situações iguais a de Moro existem aos montes pelo Brasil afora. O ex-ministro dos Transportes, Tarcísio Gomes de Freitas, é carioca, nunca morou em São Paulo, no entanto mudou seu domicílio com finalidade eleitoral e será candidato a governador. E ninguém fez nada com isso. Moro está errado no que fez, ele é um ex-juiz, deveria saber que fazer contorcionismos na lei é algo reprovável. Logo ele que falava na lei ser para todos, ele tentou dar um drible na lei.
33 MILHÕES DE PESSOAS PASSANDO FOME
Segundo levantamento realizado pela Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar) existe hoje no Brasil 33 milhões de pessoas no mapa da fome. São pessoas que não tem segurança alimentar e que não conseguem se alimentar diariamente com o mínimo necessário. Há dois anos atrás esse número era de 19 milhões de Brasileiros. Praticamente duplicou na era Bolsonaro. Há poucos dias escrevi aqui que minha grande preocupação é que enquanto uns brigam sobre costumes, há algo mais grave acontecendo no nosso País, que são milhões de famílias mergulhando na linha da pobreza.
O BRASIL EXPORTA ALIMENTO E O POVO PASSA FOME
A ala econômica do Governo está hoje mais preocupada em vender a Eletrobrás ou em criar um mecanismo para baixar o preço dos combustíveis, pelo menos no período eleitoral, mas está de costas viradas para os que estão entrando na fila de supermercado para comprar osso ou catar lixo nas sobras do hortifrúti. Enquanto Bolsonaro dá entrevistas orgulhoso dizendo que o Brasil exporta alimentos para mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, esquece que cada vez mais brasileiros estão se alimentando mal. Não há nesse governo nenhuma política consistente de complemento alimentar para os mais pobres. Pelo contrário, havia seis programas nacionais de apoio alimentar, três foram extintos e os três que sobraram recebem hoje menos de 50% das verbas que recebiam antes.
A DISCUSSÃO ATUAL ESTÁ SEM FOCO
É esse um debate nacional que deveria existir nessa campanha presidencial que temos pela frente. Sobre aumento da pobreza, a redução de praticamente todas as verbas no atual governo dos programas que davam assistência a população mais pobre. Enquanto isso vejo um debate fútil sobre a cor da bandeira ou sobre as quatros linhas da Constituição. Mas, isso é um método. A discussão mais rasa interessa a alguns. Afinal, porque debater sobre distribuição de renda, geração de emprego, programas sociais, isso é coisa de comunista.