Inicio hoje a coluna justificando as ausências de novos textos nos últimos dias. Devido à correria do trabalho, o tempo tem ficado curto para nosso contato periódico aqui. Meu propósito era escrever as colunas sempre às terças, quintas e sábados, mas tenho faltado em algumas datas. Vamos tentar cumprir ao máximo este compromisso de três vezes por semana, mas desde já peço desculpas por eventuais falhas nesse período em que estou um pouco mais atarefado com outras missões.
CONTRÁRIO A PRÓPRIA VONTADE
Vamos agora aos fatos da nossa política. Ouvi ontem um áudio de uma live do senador Styvenson Valentim sobre uma possível candidatura ao Governo. Em determinado momento, o senador diz que não é ele que está querendo ser candidato, que ele não tem interesse nisso, que não foi ele que inventou esse negócio de candidatura e que ele não tem interesse nenhum em ser candidato. Deixou a entender que isso é coisa do povo, é o povo que quer que ele seja candidato, e por dedução, entendo que ele está afirmando que se for candidato não pelo seu querer, mas pelo querer do povo, contrário a sua própria vontade.
SÓ DEVE SER CANDIDATO QUEM QUER
Tenho enormes dificuldades em entender ou acompanhar esse nível de raciocínio do senador Styvenson. Eu entendo que exercer atividade política é uma missão, mais que isso, é uma vocação. É o sujeito que se sente chamado para uma missão de representar a população num cargo político e realizar essa missão com atos e serviços que beneficiem a população em geral. Só faz isso quem se sente vocacionado para tal. É preciso ter gosto pela coisa, desejar cumprir a missão, se dispor para o serviço, é algo que pode ser cansativo, trabalhoso, oneroso do ponto de vista emocional, por isso mesmo só deve ser feito por quem deseja tal missão.
O QUE PENSA ESTAR FAZENDO?
No momento em que o senador Styvenson fala ao seu público de que não deseja e nem quer essa missão, minha pergunta é o que Styvenson pensa estar fazendo ao aceitar tal encargo. Ora, é um desserviço ao Rio Grande do Norte alguém se candidatar para o cargo de governador do Estado pelos próximos quatro anos, sem, no entanto, ter qualquer desejo de realizar esse serviço.
NÃO FAÇA ISSO COM O RIO GRANDE DO NORTE
Styvenson, não faça isso com o Rio Grande do Norte! Você tem todo o direito de ser candidato, tem todo direito de postular, desde que seja algo que você deseje estar habilitado para fazê-lo. Mas você não tem o direito de se candidatar para fazer algo que você não quer fazer, não deseja fazer e fala como se fosse um peso a ser carregado. Porque não é apenas seu destino que está em jogo, mas o destino de milhões de potiguares que podem vir a ser conduzidos por quem não se sente motivado e vocacionado para cumprir tal missão.
O PESO SOBRE CARLOS EDUARDO ALVES
Mudando de assunto, vamos falar um pouco sobre a candidatura de Carlos Eduardo Alves ao Senado. Fico impressionado com o desempenho dele nas pesquisas. Não decola, não sai do chão, é como se carregasse nas costas uma enorme bigorna, praticamente impossível arrastá-la ladeira acima. Carlos enfrenta três grandes obstáculos nessa sua pretensão de ser senador pelo Rio Grande do Norte. Não tem carisma, não tem apoios significativos e não tem identidade com o palanque onde subiu.
A ESTRUTURA QUE FALTA
Primeiro uma análise sobre a falta de apoios. Carlos se aliou a Fátima Bezerra, mas está impedindo de subir no mesmo palanque de Fátima em dezenas de palanques municipais. Justamente porque são prefeitos que estão com a governadora e para o Senado apoiam Rogério Marinho. E não são poucos, Eu dou como exemplo a situação de Mossoró, o segundo maior colégio eleitoral do Estado. Quem apoia Carlos Eduardo em Mossoró? Ninguém por enquanto. Nem mesmo Rosalba, que esteve com ele em 2018. Houve muita conversa, mas até agora nada de apoios concretos. Fracos ou fortes.
O POUCO CARISMA
Falando da falta de carisma, Carlos Eduardo tem dificuldades quando ultrapassa as divisas de Natal. No interior do RN passaria despercebido caso fosse tomar um caldo em qualquer mercado, seja qual for à cidade. Seu ar sisudo e de poucos amigos, mais afasta do que aproxima. Está bem longe de repetir performances como outros Alves, tipo Garibaldi e Henrique que se entrosam facilmente em qualquer roda de política pelo RN todo.
PALANQUE ONDE SÓ CABE UM
Por fim, a falta de identidade no palanque do PT e de Fátima, de quem foi adversário e disse coisas pesadas na eleição de 2018. Tenta se equilibrar em cima de um muro com um pé na candidatura de Ciro e outro na candidatura de Lula, por isso, mesmo sem identidade com nenhuma. Parece um estranho no ninho. Por tudo isso, não vislumbro facilidade de Carlos Eduardo Alves para transpor o teto baixo de intenções de votos nas pesquisas. Vai ter que remar muito para atravessar esse mar.