Oficialmente conhecida como Praça Bento Praxedes, mas popularmente identificada de Praça do Codó, Praça da Libertadora e, nos dias atuais, Praça do Relógio. Mas quero me ater aqui ao que eu não quero esquecer a respeito desse logradouro tão importante para a história de Mossoró. Vou falar da minha época.
Houve um tempo em que aquele espaço chamou-se Praça da Libertadora pelo fato da existência de uma emissora de rádio, em uma das ruas laterais. Também lá instalou-se uma sucursal do Diário de Natal. Jornal que exercia enorme influência em Mossoró, em toda a região oeste e no Rio Grande do Norte.
Por lá o ponto de encontro de condutores de veículos que, diariamente, chegavam de Natal trazendo pacotes com jornais e estes, por sua vez, eram entregues a outra equipe, que viajava com destino ao interior do Estado para distribuí-los. Eles estacionavam seus carros e simplesmente pernoitavam ali, dentro das cabines. Uma cidade tranquila, que não oferecia temor a ninguém.
Eu integrava a equipe de gazeteiros, ou seja, jornaleiros. Chegava lá por volta das 22h e esperava o carro que trazia os jornais, geralmente chegando à cidade por volta de meia noite. Pegava o meu pacote de O Poti, jornal circulante nos finais semana. Bem volumoso.
Presenciei muitos bancos da praça tomados por pessoas que dormiam ali. Umas até se agasalhavam no chão. Também tinham os notívagos, que saiam das festas dançantes e esperavam o dia amanhecer para seguirem às suas casas. Aqui e acolá, uma confusão pela disputa de espaço. Mas tudo terminava bem.
Lembro perfeitamente de quando, aos sábados, eu chegava e não tinha dinheiro para pagar os jornais e depois sair a vendê-los. Alguns dos motoristas, mesmo nos conhecendo, se negavam a entregar. Isto só mediante dinheiro, na hora. Às custas de muita conversa, eles nos entregavam uma parte, a gente ia vender e em seguida retornava para buscar mais. Só não podíamos deixar os leitores sem o jornal.
Isto acontecia com frequência. Não só comigo, mas com outros colegas. Ganhávamos por comissão, um valor muito pequeno, e dali tirávamos a nossa sobrevivência.
E a minha situação era pior ainda, pois não tinha sequer uma bicicleta para sair a entregar os jornais. Me valia de Ítalo Praxedes, hoje repórter esportivo na Rádio Difusora AM 1170, que me emprestava a dele. Mas, às 8h da manhã, eu já tinha de estar de volta para devolvê-la, pois ele também tinha seus afazeres.
ALUGUEL – Um fato interessante é que eu tinha uns fregueses e estes não compravam o jornal, mas o alugavam. Recebiam em suas casas, liam e depois me devolviam. Pagava uma ninharia em dinheiro. Geralmente eu fazia o recolhimento na segunda-feira à tarde. Existia um limite de devolução, da ordem de 10% e, isso não acontecendo, na próxima semana, recebíamos menos exemplares, por conseguinte a comissão também diminuía.
E dessa maneira passei alguns anos de minha vida, no exercício dessa rotina. Mas fazia não só por que precisava ganhar dinheiro. Eu gostava daquela profissão, das noites/madrugadas de sábado, domingo.
E no meio disso tudo, aproveitava para me manter melhor informado acerca do que acontecia em Mossoró, RN, Brasil e o mundo.
São coisas que eu não quero esquecer.