Refletir sobre a dinâmica atual das relações interpessoais, moldadas pelas redes sociais, revela um cenário marcado pela invasividade, artificialidade e, por vezes, frustração. Nos dias de descanso, o WhatsApp se torna palco frequente de abordagens de estranhos ou conhecidos distantes, visando vender produtos ou serviços. Entre profissionais habilidosos e despreparados, enfrentamos essa realidade contemporânea com tolerância, reconhecendo-a como método de trabalho vigente. No entanto, ao nos colocarmos no lugar dos que abordam, percebemos que além da tolerância, a empatia se torna crucial.
Muitos enfrentam enormes desafios de socialização e comunicação, lançando-se em um terreno minado onde predomina a indiferença sobre a empatia, as grosserias sobre a cordialidade, e os “não” sobre os “sim”. A luta pela renda os coloca em um dilema exacerbado pelo individualismo da sociedade atual. A falta de apoio, mesmo em pequenas ações como adquirir produtos oferecidos, pode desencorajar aqueles que buscam se estabelecer profissionalmente nesse campo.
A ironia emerge quando a preferência recai sobre abordagens no WhatsApp ou em sinais de trânsito, mesmo para vendas, em detrimento de situações mais extremas, como a escolha pelo caminho do crime devido à alegada falta de oportunidades. Esse paradoxo destaca a necessidade urgente de construir um ambiente mais solidário e inclusivo, onde a busca por renda não seja apenas uma batalha individual, mas sim um esforço coletivo para promover apoio mútuo e compreensão.