“Está um caos aqui. Muitos pacientes nos corredores, setores sujos, sem almoço, sem janta para ninguém. Ninguém faz nada. Estamos adoecendo.” Este é o relato de uma técnica de enfermagem que, em um plantão no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), expôs as condições precárias enfrentadas pelos trabalhadores da unidade. A denúncia ocorre em meio a mais uma greve dos trabalhadores terceirizados da JMT Service, que paralisaram os serviços em função de salários atrasados. A JMT é a responsável pela limpeza e fornecimento de alimentação no hospital, serviços essenciais que agora estão comprometidos.
Enquanto os pacientes recebem alimentação, os servidores e técnicos, que enfrentam jornadas exaustivas, são forçados a arcar com os custos de suas refeições. “Só tem alimentação para pacientes. Servidores e técnicos que passam por um plantão exaustivo precisam pagar do bolso para almoçar e jantar”, comentou a profissional, que preferiu não ser identificada, temendo represálias da direção do hospital.
A situação no HRTM tem gerado revolta entre os trabalhadores, que denunciam não apenas as condições desumanas de trabalho, mas também a falta de respeito e de dignidade no ambiente hospitalar. “O hospital inteiro está lotado. Ontem colocaram seis pacientes na pediatria. Estamos com o CRO lotado. Corredores abarrotados, e não tem almoço nem janta para funcionários e acompanhantes. Lá no Hospital da Polícia Militar, misturaram as enfermarias de homens e mulheres. Ninguém faz nada. Peço para não divulgar meu nome, por favor, são muito perseguidore”, declarou a técnica.
Essa denúncia levanta sérias questões sobre o estado da saúde pública no estado do Rio Grande do Norte, especialmente em relação à gestão da Governadora Fátima Bezerra. O HRTM, um dos maiores hospitais da região, tem se mostrado um reflexo da crise enfrentada pela rede pública de saúde, com infraestruturas comprometidas, falta de recursos e negligência em fornecer condições mínimas de trabalho para os profissionais da saúde.
A nomeação de Saudade Azevedo como nova coordenadora dos hospitais da região Oeste foi anunciada ontem, e ela assumiu a tarefa de tentar reverter a situação alarmante da saúde na região. Será uma missão árdua, enfrentando uma série de problemas que se acumulam e que, até o momento, foram negligenciados pelas gestões anteriores. Os desafios são grandes, e o caminho, repleto de dificuldades.
Diante de tudo isso, é essencial que o Governo do Estado tome medidas urgentes para restaurar a dignidade dos profissionais da saúde e garantir um atendimento adequado à população, começando pela resolução das pendências financeiras com os trabalhadores terceirizados e pela melhoria das condições de trabalho dentro das unidades hospitalares.