O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e ex-diretor da Petrobras, Eberaldo de Almeida, afirmou, nesta terça-feira (08), que o congelamento de preços dos combustíveis no País teria um impacto de R$ 180 bilhões a R$ 200 bilhões se durasse todo o ano de 2022. Mais cedo, ele afirmou que o impacto seria superior a R$ 113 bilhões, valor calculado em uma simulação que considera um congelamento do diesel e da gasolina em 2021.
O governo do presidente Jair Bolsonaro estuda um congelamento temporário dos preços pela Petrobras, mas também discute um subsídio direto para compensar a diferença com os preços internacionais.
O especialista é contra a intervenção e o fundo de estabilização. Almeida defende um subsídio direto aos mais necessitados, como um vale-gás para famílias carentes e auxílio a caminhoneiros autônomos, sem mexer na política de preços da Petrobras e na flutuação do mercado.
“Qualquer coisa que não seja um subsídio direto do governo, conjuntural, vai desarrumar a economia e o que vamos viver é um retrocesso do processo porque os investimentos fogem”, disse Almeida após almoço da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).
O presidente do IBP afirmou ainda que nenhuma medida pode ser tomada no momento para reduzir o preço dos combustíveis na bomba o que só aconteceria com medidas estruturantes.
“Nesse período conjuntural, você vai ter que atuar com um subsídio localizado naqueles mais necessitados. Não tem varinha mágica”, afirmou. Medidas estruturantes, pontuou, dependem de sinalização política. “Mas é muito melhor discutir em tempo de paz do que na guerra.”
A possibilidade de congelamento dos preços dos combustíveis levantou o temor entre executivos do setor de petróleo e técnicos do Ministério de Minas e Energia (MME) de desabastecimento de gasolina, diesel e gás de cozinha. O principal medo hoje observado no mercado é com relação ao óleo diesel, combustível mais importado. Esse cenário reforça os argumentos de integrantes do governo em defesa de um subsídio temporário para o preço dos combustíveis, no lugar de apenas segurar o preço da Petrobras.
Hoje, a estatal pratica o que é chamado de paridade de preço internacional, que leva em consideração os valores do barril de petróleo e do dólar para definir os valores dos combustíveis no mercado interno. Essa política é alvo agora do governo Bolsonaro e do Congresso Nacional.
As sanções à Rússia causada pela invasão na Ucrânia estão fazendo o barril de petróleo disparar, abrindo a possibilidade de reajustes de mais de 20% nos valores dos combustíveis no mercado interno.
A Rússia é responsável por cerca de 12% do mercado global de óleo e gás e, por isso, o que acontece lá gera forte impacto nos preços internacionais.
Em almoço nesta terça-feira na Frente Parlamentar do Empreendedorismo, o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Eberaldo de Almeida Neto, alertou para o risco do congelamento de preços e disse que a capacidade de refino brasileiro já está no limite. A possibilidade de aumentar a produção nacional, portanto, não existe.
“Praticar preços do mercado é condição para o abastecimento. O desbalanço de preços desincentiva a importação. Ninguém vai comprar mais caro para vender mais barato”, disse.Almeida Neto afirmou que o uso das refinarias hoje é superar a 90%, maior que toda a média histórica. Segundo ele, ninguém investe em refino no Brasil porque sempre há um risco de tabelamento.
“O temor de controle de preços reduz investimentos em refino. Praticar preços de mercado é necessário para atrair investimentos”, disse. “Se não tem previsibilidade, se não tem intervenção de preço, não vai ter investimento. Não investe por medo do preço ser controlado”.
*Via Tribuna do Norte