Erinaldo Silva
Em uma decisão judicial emblemática, o Estado do Rio Grande do Norte foi condenado a indenizar uma jovem de 23 anos, vítima de um trágico acidente que resultou na amputação de sua perna esquerda. A justiça determinou o pagamento de R$ 25 mil por danos estéticos e R$ 50 mil por danos morais, reconhecendo a gravidade das consequências sofridas pela estudante devido a uma série de negligências no serviço médico prestado.
O infortúnio começou em 27 de maio de 2014, quando a jovem foi atropelada a caminho de casa, após deixar a escola. Socorrida pelo Samu Natal, ela foi prontamente levada ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, onde se constatou a fratura do terço inferior da perna esquerda, necessitando de intervenção cirúrgica urgente. Contudo, a falta de um profissional qualificado no hospital levou à sua transferência para uma unidade hospitalar privada, conveniada com o SUS, localizada na zona Sul de Natal.
Após ser operada no dia 29 de maio, a estudante recebeu alta dois dias depois, mesmo apresentando fortes dores, inchaço, dedos arroxeados e sangramento na perna operada. A gravidade de seu estado só foi devidamente reconhecida após uma visita à UPA de Cidade da Esperança, que a encaminhou de volta ao Hospital Walfredo Gurgel. Lá, diante da urgência, foi realizada a amputação de sua perna.
O processo revelou uma sequência de falhas e negligências médicas, culminando na drástica medida da amputação. A justiça, ao analisar o caso, julgou procedente a demanda da jovem, impondo ao Estado do Rio Grande do Norte a responsabilidade pelas indenizações. O Estado tentou recorrer da decisão no TJRN, mas o desembargador Glauber Rêgo destacou que reverter o entendimento firmado demandaria uma nova análise dos fatos e provas, o que é inviável na instância superior.
Esta sentença não apenas reforça o direito à reparação por falhas no atendimento médico, mas também destaca a importância de um sistema de saúde mais responsivo e cuidadoso, visando evitar que tragédias semelhantes voltem a acontecer.
